Por Daniel Trotta e Luc Cohen
25 Ago (Reuters) - Kilmar Abrego, imigrante cuja deportação injusta para seu país natal, El Salvador, o tornou um símbolo das políticas de imigração linha-dura do presidente norte-americano Donald Trump, foi detido novamente por autoridades de imigração dos EUA em Baltimore na segunda-feira e pode ser deportado uma segunda vez, agora para Uganda.
A pressão do governo Trump para deportar Abrego, de 30 anos, para um país africano onde ele não tem vínculos é a mais recente reviravolta em uma saga que começou em março, quando as autoridades norte-americanas o enviaram para El Salvador. Abrego foi trazido de volta em junho para enfrentar acusações criminais de transporte de imigrantes que vivem ilegalmente nos Estados Unidos e foi liberado sob fiança na sexta-feira.
Ele se declarou inocente e seus advogados acusaram o governo de ação vingativa. Ele negou as alegações do governo de que é membro de uma gangue.
Abrego foi preso em um escritório de campo do Serviço de Imigração e Alfândega no centro de Baltimore, onde se apresentou para uma entrevista agendada na manhã de segunda-feira. Seus advogados rapidamente pediram à juíza distrital dos EUA Paula Xinis, de Greenbelt, Maryland, que o impedisse de ser deportado novamente sem o devido processo exigido pela Constituição dos EUA.
Sua esposa, Jennifer Vasquez, que é cidadã norte-americana, e seu irmão Cesar acompanharam Abrego ao escritório de campo do ICE, onde uma multidão de apoiadores o saudou com gritos de "Si se puede".
"Quando fui detido, sempre me lembrei de momentos bonitos com minha família, como ir ao parque ou ao trampolim com meus filhos", disse Abrego com a voz embargada. "Esses momentos me darão força e esperança para continuar lutando."
Os advogados de Abrego disseram que a maneira como o governo está lidando com o caso é um indicativo da pressão do presidente republicano para expandir o poder executivo em questões de imigração às custas do devido processo. Autoridades do governo afirmam que a vitória de Trump nas eleições do ano passado lhe deu um mandato para aumentar drasticamente as deportações.
De acordo com os autos do processo, o governo ofereceu deportá-lo para a Costa Rica - um país de língua espanola na América Central, como El Salvador - se ele concordasse em mudar sua declaração para culpado, mas planeja deportá-lo para Uganda se ele não o fizer.
(Reportagem de Daniel Trotta em Carlsbad, Califórnia, e Luc Cohen em Nova York)
((Tradução Redação São Paulo))
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