Por Steve Gorman
LOS ANGELES, 21 Ago (Reuters) - O Senado da Califórnia aprovou nesta quinta-feira um redesenho do mapa político local para conferir aos democratas mais cinco cadeiras no Congresso dos Estados Unidos, anulando vantagem partidária que o presidente Donald Trump espera obter com um plano republicano de redistritamento no Texas.
Liderados pelo governador Gavin Newsom, democratas da Califórnia pressionam para que seu plano de redistritamento -- um pacote de três projetos de lei -- seja aprovado rapidamente na Câmara estadual de Sacramento até sexta-feira, a tempo de incluir o novo mapa na cédula de votação de uma eleição especial marcada para 4 de novembro.
Newsom, que conta com uma supermaioria democrata em ambas as casas do Legislativo estadual, busca, em última instância, o apoio dos eleitores para seu plano. Se for bem-sucedido, ele deve neutralizar um projeto de lei do Texas apoiado por Trump, criado para transferir cinco cadeiras democratas para o controle republicano na Câmara dos Deputados dos EUA.
Os republicanos, incluindo Trump, reconheceram abertamente que a iniciativa do Texas visa aumentar sua influência política, ajudando a preservar a pequena maioria do partido na Câmara nas eleições de meio de mandato de novembro de 2026. Essa eleição já se configura como uma disputa acirrada.
Os democratas, por outro lado, caracterizaram sua tentativa de se afastar do processo usual de redistritamento independente e bipartidário da Califórnia -- adotado pelos eleitores em 2008 -- como uma estratégia temporária de "emergência" para combater o que eles consideram movimentos extremos dos republicanos para manipular injustamente o sistema.
"As cartas estão contra nós, então o que precisamos fazer é reagir", disse a senadora da Califórnia Lena Gonzalez, coautora do plano de redistritamento, enquanto o Senado estadual iniciava o debate em plenário sobre o projeto de lei.
Segundo os democratas, mais de 70% de seus distritos recém-desenhados foram adotados a partir de mapas usados pela comissão independente na formulação dos limites atuais.
O senador republicano Tony Strickland discordou. "Esses mapas foram desenhados a portas fechadas", declarou.
Após quase quatro horas de debate, o Senado aprovou o mapa redesenhado pelos democratas por 30 votos a 9 e enviou a medida para a Assembleia estadual, a câmara baixa do Legislativo.
Enquanto isso, a Assembleia aprovou, por 57 a 20, outro componente do pacote, uma proposta de emenda constitucional que contorna temporariamente a comissão bipartidária.
Diferentemente da iniciativa da Califórnia, as novas linhas distritais desenhadas no Texas entrariam em vigor sem a aprovação dos eleitores, embora os democratas tenham prometido contestar o plano no tribunal.
Democratas e grupos de direitos civis afirmam que o novo mapa do Texas dilui ainda mais o poder de voto dos eleitores hispânicos e negros, violando a lei federal que proíbe o redesenho das linhas políticas com base na discriminação racial ou étnica.
(Reportagem de Steve Gorman em Los Angeles; reportagem adicional de Joseph Ax)
((Tradução Redação Brasília))
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