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Bolsonaro detido, o que soma tensões com Trump

Reuters5 de ago de 2025 às 05:56

- O Supremo Tribunal Federal do Brasil colocou o ex-Presidente Jair Bolsonaro em prisão domiciliar, na segunda-feira, antes do seu julgamento por um suposto plano de golpe de Estado, ressaltando a determinação do tribunal, apesar da escalada de tarifas e sanções do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

O juiz do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, alvo de sanções do Tesouro norte-americano na semana passada, emitiu a ordem de prisão contra Bolsonaro. A sua decisão referiu o incumprimento de ordens de restrição que tinha imposto a Bolsonaro por alegadamente procurar a interferência de Trump no caso.

Bolsonaro está a ser julgado pelo Supremo Tribunal sob a acusação de ter conspirado com aliados para inverter de forma violenta a sua derrota eleitoral em 2022 para o presidente esquerdista Luiz Inácio Lula da Silva. Trump referiu-se ao caso como uma "caça às bruxas" e considerou ser fundamento para uma tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros que entra em vigor na quarta-feira.

O Departamento de Estado dos Estados Unidos condenou a ordem de prisão domiciliária, dizendo que Moraes estava a usar as instituições brasileiras para silenciar a oposição e ameaçar a democracia, acrescentando que os Estados Unidos iriam "responsabilizar todos aqueles que ajudam e incentivam a conduta sancionada".

Não forneceu detalhes, embora Trump tenha dito que os Estados Unidos ainda poderiam impor tarifas ainda mais altas sobre as importações brasileiras.

A ordem de segunda-feira de Moraes também proibiu Bolsonaro de usar um telemóvel ou receber visitas, excepto para os seus advogados e pessoas autorizadas pelo tribunal.

Um representante da imprensa de Bolsonaro confirmou que ele foi colocado em prisão domiciliar na noite de segunda-feira na sua residência em Brasília pela polícia que apreendeu o seu telemóvel.

Os advogados de Bolsonaro disseram, em comunicado, que iriam recorrer da decisão, argumentando que o ex-Presidente não tinha violado nenhuma ordem judicial.

Em entrevista à Reuters no mês passado, Bolsonaro apelidou Moraes de "ditador" e disse que as ordens de restrição contra ele eram actos de "cobardia".

Alguns aliados de Bolsonaro temem que as tácticas de Trump possam estar a ser contra-producentes no Brasil, agravando os problemas para Bolsonaro e reunindo apoio público ao governo de esquerda de Lula.

No entanto, as manifestações de domingo dos apoiantes de Bolsonaro - as maiores em meses - mostram que os discursos inflamados de Trump e as sanções contra Moraes também animaram a base política do ex-capitão do exército de extrema-direita.

Bolsonaro apareceu virtualmente num protesto no Rio de Janeiro através de uma chamada telefónica para o seu filho, o senador Flávio Bolsonaro, no que alguns viram como o mais recente teste às suas ordens de restrição.

Moraes disse que o ex-Presidente tentou repetidamente contornar as ordens do tribunal.

"A justiça é cega, mas não é tola", escreveu o juiz na sua decisão.

Na segunda-feira, o senador Bolsonaro disse à CNN Brasil que a ordem de Moraes de segunda-feira era "uma clara demonstração de vingança" pelas sanções norte-americanas contra o juiz, acrescentando: "Espero que o Supremo Tribunal Federal possa colocar um travão nessa pessoa (Moraes) que causa tanto tumulto".

As ordens do juiz, incluindo as ordens de restrição sob pena de prisão, foram confirmadas pelo tribunal superior.

Texto integral em inglês: nL1N3TW11F

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