1 Ago (Reuters) - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta sexta-feira que as medidas do plano de contingência do governo para lidar com a tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros não ficarão de fora da meta fiscal, rejeitando uma possibilidade levantada na véspera pelo vice-presidente e ministro da Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin.
Falando a repórteres em Brasília, Haddad acrescentou que a equipe econômica já enviou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva as primeiras medidas do plano.
"A nossa proposta que está sendo encaminhada não vai exigir isso (gastos fora meta fiscal)", apontou Haddad. "Não é a nossa demanda inicial. Nós entendemos que conseguimos operar dentro do marco fiscal sem nenhum tipo de alteração."
O presidente dos EUA, Donald Trump, oficializou em decreto assinado na quarta-feira a imposição de tarifa de 50% sobre vários produtos brasileiros a partir da próxima quarta-feira, mas excluiu uma série de itens da taxa punitiva, incluindo energia, suco de laranja e aeronaves.
Alckmin confirmou na quinta-feira que cerca de 35,9% das exportações do Brasil aos EUA ainda estão incluídas na tarifa de Trump, como relatado pela Reuters anteriormente.
O vice-presidente também havia afirmado que os gastos públicos com o plano de contingência para mitigar os efeitos da tarifa dos EUA poderiam ser excluídos da contabilidade da meta fiscal, o que foi negado por Haddad nesta sexta.
O ministro também apontou que as primeiras medidas do plano já podem ser anunciadas pelo governo na próxima semana caso sejam aprovadas por Lula, prometendo a proteção da indústria e do agronegócio nacionais.
"Do nosso lado, junto com o vice-presidente Geraldo Alckmin, estamos encaminhando para o Palácio do Planalto as primeiras medidas já formatadas para que o presidente julgue a oportunidade e a conveniência de soltá-las", disse Haddad.
"A partir da semana que vem nós já vamos poder, a julgar pela decisão do presidente, tomar as primeiras medidas de proteção da indústria e da agricultura nacionais", completou.
O ministro ainda reiterou que, apesar da tarifa "injustificável" imposta pelos EUA, o Brasil ainda deseja mais parcerias com Washington, afirmando que é possível estreitar os laços entre os dois países "desde que seja bom para os dois lados".
Ele também ressaltou que está aguardando o agendamento por parte dos EUA de uma potencial conversa com o secretário do Tesouro, Scott Bessent, classificando o líder da equipe econômica de Trump como uma grande influência nas decisões políticas do país.
"Ele é uma figura central... Bessent pode ajudar a mediar um entendimento (com os EUA)", disse.