24 Jul (Reuters) - O acordo da Universidade de Columbia de pagar mais de US$ 220 milhões ao governo dos EUA para resolver as investigações federais não foi uma capitulação, mas um meio de restaurar o vital financiamento público da instituição, disse a presidente interina da universidade nesta quinta-feira.
Críticos ao acordo, no entanto, expressaram preocupação com um precedente prejudicial no que avaliam como pressão do presidente Donald Trump por mais controle sobre as faculdades de elite dos EUA.
Trump tem a Columbia e outras universidades como alvo por causa do movimento de protestos estudantis pró-palestinos que agitou os campi universitários no ano passado.
A Universidade de Harvard enfrenta o governo Trump no tribunal e críticos compararam o acordo com a Columbia a uma extorsão.
A Columbia sofreu a perda de bilhões de dólares em futuros fundos federais e a possível revogação do status de visto de milhares de estudantes internacionais, disse a presidente interina Claire Shipman.
"Isso não foi capitulação", disse Shipman à CNN, acrescentando que o acordo protegeu a "integridade acadêmica" da universidade.
O acordo prevê que a Columbia pagará US$ 200 milhões ao Tesouro dos EUA e mais US$ 21 milhões a um fundo para resolver supostas violações de direitos civis contra funcionários judeus após o ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023, disseram autoridades da administração.
Em troca, a universidade recuperou o acesso a cerca de US$ 1,7 bilhão em financiamento e subsídios federais, disse Shipman.
O acordo foi fechado após o governo Trump penalizar a Columbia, em março, pela forma como lidou com os protestos do ano passado, cancelando US$ 400 milhões em financiamento federal. O governo alegou que a resposta da Columbia ao suposto antissemitismo e assédio de membros judeus e israelenses da comunidade universitária foi insuficiente.
Posteriormente, a universidade concordou com uma série de exigências que incluíam o exame minucioso dos departamentos que ofereciam cursos sobre o Oriente Médio e outras concessões que foram amplamente condenadas pelos acadêmicos norte-americanos.
O acordo de quarta-feira formalizou muitas dessas concessões no que a Secretária de Educação Linda McMahon chamou de "vitória incrível" para o governo.
"Esperamos que este seja um modelo para outras universidades do país", disse McMahon à rede a cabo NewsNation. "Já estamos vendo outras universidades tomando essas medidas antes da investigação."
O professor de direito da Universidade de Columbia, David Pozen, chamou o acordo de "extorsão" e avaliou que ele estabeleceu um precedente para acordos "pague para jogar" que o governo Trump busca com outras instituições.
"O acordo dá forma legal a um esquema de extorsão", disse Pozen em uma postagem de blog, chamando-o de a primeira vez que o antissemitismo e o DEI (políticas de diversidade, equidade e inclusão) foram invocados como base para uma reestruturação forçada pelo governo de uma universidade privada.
Shipman disse que o acordo não contém qualquer cláusula que "deva ser interpretada como dando aos Estados Unidos autoridade para ditar a contratação de professores, a contratação de universidades, as decisões de admissão ou o conteúdo do discurso acadêmico".
(Reportagem de Andrew Hay)
((Tradução Redação Brasília))
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