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Síria acreditava ter sinal verde de EUA e Israel para envio de tropas a Sweida

Reuters19 de jul de 2025 às 19:18

Por Timour Azhari e Suleiman Al-Khalidi e Maya Gebeily

- O governo da Síria interpretou mal como Israel responderia ao envio de suas tropas para o sul do país nesta semana, encorajado pelas mensagens dos Estados Unidos de que a Síria deveria ser governada como um Estado centralizado, disseram à Reuters oito fontes familiarizadas com o assunto.

Israel realizou ataques contra as tropas sírias e contra Damasco na quarta-feira, em uma escalada que pegou a liderança islâmica de surpresa, disseram as fontes, depois que as forças do governo foram acusadas de matar dezenas de pessoas na cidade drusa de Sweida.

Damasco acreditava que tinha sinal verde dos EUA e de Israel para enviar suas forças para o sul, apesar de meses de avisos israelenses para que não o fizesse, de acordo com as fontes, que incluem autoridades políticas e militares sírias, dois diplomatas e fontes de segurança regionais.

Esse entendimento foi baseado em comentários públicos e privados do enviado especial dos EUA para a Síria, Thomas Barrack, bem como em conversas de segurança incipientes com Israel, disseram as fontes. Barrack pediu que a Síria fosse administrada centralmente como "um país" sem zonas autônomas.

Um porta-voz do Departamento de Estado dos EUA se recusou a comentar sobre discussões diplomáticas privadas, mas disse que os Estados Unidos apoiam a unidade territorial da Síria. "O Estado sírio tem a obrigação de proteger todos os sírios, inclusive os grupos minoritários", disse o porta-voz, pedindo ao governo sírio que responsabilize os autores da violência.

Em resposta às perguntas da Reuters, um funcionário graduado do Ministério das Relações Exteriores da Síria negou que os comentários de Barrack tenham influenciado a decisão de enviar tropas, que foi tomada com base em "considerações puramente nacionais" e com o objetivo de "parar o derramamento de sangue, proteger os civis e evitar a escalada do conflito civil".

Damasco enviou tropas e tanques para a província de Sweida na segunda-feira para reprimir os combates entre tribos beduínas e facções armadas dentro da comunidade drusa -- uma minoria que segue uma religião derivada do Islã, com seguidores na Síria, no Líbano e em Israel.

As forças sírias que entraram na cidade foram atacadas por milícias drusas, de acordo com fontes sírias.

A violência subsequente atribuída às tropas sírias, incluindo execuções em campo e a humilhação de civis drusos, desencadeou ataques israelenses contra as forças de segurança sírias, o Ministério da Defesa em Damasco e os arredores do palácio presidencial, de acordo com duas fontes, incluindo uma autoridade graduada do Golfo Árabe.

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse que Israel interveio para impedir que as tropas sírias entrassem no sul da Síria -- que Israel disse publicamente que deveria ser uma zona desmilitarizada -- e para manter um compromisso de longa data de proteger os drusos.

O líder sírio Ahmed al-Sharaa prometeu responsabilizar os responsáveis pelas violações contra os drusos. Ele culpou "grupos fora da lei" que buscam inflamar as tensões por quaisquer crimes contra civis e não disse se as forças do governo estavam envolvidas.

Os EUA e outros países intervieram rapidamente para garantir um cessar-fogo na noite de quarta-feira. O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, descreveu o episódio como um "mal-entendido" entre Israel e a Síria.

Uma fonte síria e uma fonte ocidental familiarizadas com o assunto disseram que Damasco acreditava que as conversas com Israel na semana passada em Baku produziram um entendimento sobre o envio de tropas para o sul da Síria para colocar Sweida sob controle do governo.

O gabinete de Netanyahu se recusou a comentar em resposta às perguntas da Reuters.

Israel disse na sexta-feira que havia concordado em permitir o acesso limitado das forças sírias a Sweida nos próximos dois dias. Logo depois, a Síria disse que enviaria uma força dedicada a acabar com os confrontos, que continuaram na manhã deste sábado.

(Reportagem de Timour Azhari e Suleiman al-Khalidi, em Damasco, e Maya Gebeily e Tom Perry, em Beirute; Reportagem adicional de Crispian Balmer, em Jerusalém, e Humeyra Pamuk, em Washington)

((Tradução Redação São Paulo))

REUTERS ES

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