HAIA, 25 Jun (Reuters) - Os líderes da NATO apoiaram, na quarta-feira, o grande aumento das despesas com a defesa exigido pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e reafirmaram o seu compromisso de se defenderem mutuamente de ataques.
Embora Trump tenha conseguido o que queria na breve cimeira, feita à sua medida, os seus aliados da NATO ficarão aliviados por ele se ter comprometido com o princípio fundamental da defesa colectiva, após uma linguagem menos clara na terça-feira.
Numa declaração de cinco pontos, a NATO aprovou um objectivo de aumento da despesa com a defesa de 5% do PIB até 2035 - resposta não só a Trump, mas também aos receios dos europeus de que a Rússia represente uma ameaça crescente à sua segurança, após a invasão da Ucrânia em 2022.
O breve comunicado dos 32 aliados acrescentou: "Reafirmamos o nosso compromisso férreo com a defesa colectiva, tal como consagrado no artigo 5.º do Tratado de Washington - que um ataque a um é um ataque a todos"
Questionado sobre a sua posição relativamente ao Artigo 5.º, Trump disse: "Eu apoio-o. É por isso que estou aqui. Se não o apoiasse, não estaria aqui"
Trump há muito que exigia, em termos inequívocos, que os outros países aumentassem as suas despesas com a defesa para reduzir a forte dependência da NATO face aos Estados Unidos.
Apesar de um aparente acordo geral, o Presidente francês, Emmanuel Macron, levantou a questão das pesadas tarifas de importação ameaçadas por Trump, e os danos que podem causar ao comércio transatlântico, como uma barreira ao aumento das despesas com a defesa.
"Não se pode vir ter connosco como aliados e pedir que gastemos mais, dizer-nos que vamos gastar mais na NATO - e fazer uma guerra comercial. É uma aberração", disse aos jornalistas.
O secretário-geral da NATO, Mark Rutte, anfitrião da cimeira na sua cidade natal, Haia, afirmou que a NATO irá emergir como uma aliança "mais forte, mais justa e mais letal".
Rutte reconheceu anteriormente que não era fácil para os países europeus e o Canadá encontrarem dinheiro extra, mas disse que era vital fazê-lo.
"Os meus colegas estão absolutamente convencidos de que, perante a ameaça russa e a situação da segurança internacional, não há alternativa", disse o ex-primeiro-ministro neerlandês aos jornalistas na sua cidade natal, Haia.
O novo objectivo de despesa - a atingir nos próximos 10 anos - representa um salto de centenas de milhares de milhões de dólares por ano face ao actual objectivo de 2% do PIB, embora seja medido de forma diferente.
Os países gastarão 3,5% do PIB na defesa principal - como tropas e armas - e 1,5% em medidas mais amplas relacionadas com a defesa, como a ciber-segurança, a protecção de oleodutos e a adaptação de estradas e pontes para suportar veículos militares pesados.
Todos os membros da NATO apoiaram uma declaração que consagra o objectivo, embora Espanha tenha declarado que não precisa de atingir o objectivo e que pode cumprir os seus compromissos gastando muito menos.
Rutte contesta esta afirmação, mas aceitou um acordo diplomático com o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sanchez, como parte dos seus esforços para dar a Trump uma vitória diplomática e fazer com que a cimeira decorra sem problemas.
Espanha disse, esta quarta-feira, que não esperava que a sua posição tivesse quaisquer repercussões.
Texto integral em inglês: nL1N3SS064