SEUL, 4 Jun (Reuters) - O novo Presidente liberal da Coreia do Sul, Lee Jae-myung, prometeu, esta quarta-feira, levantar o país do que descreveu como a quase destruição causada por uma tentativa de lei marcial e reanimar uma economia em dificuldades que enfrenta o proteccionismo global.
A vitória decisiva de Lee nas eleições antecipadas de terça-feira deverá dar início a uma mudança radical na quarta maior economia da Ásia, após uma reacção adversa a uma tentativa falhada de regime militar ter derrubado Yoon Suk Yeol apenas três anos após o início da sua conturbada presidência.
Lee Jae-myung enfrenta o que poderá ser o conjunto mais difícil de desafios para um dirigente sul-coreano em quase três décadas, que vão desde a recuperação de um país profundamente marcado pela tentativa de lei marcial até à luta contra as imprevisíveis medidas proteccionistas dos Estados Unidos, importante parceiro comercial e aliado em matéria de segurança.
"Um governo de Lee Jae-myung será um governo pragmático e pró-mercado", afirmou o Presidente, após ter prestado juramento no Parlamento, local onde, há seis meses, saltou o muro do perímetro para entrar no hemiciclo e evitar que as tropas da lei marcial o barricassem para votar contra o decreto.
O Presidente prometeu desregulamentação para estimular a inovação e o crescimento das empresas e comprometeu-se a reabrir o diálogo com a Coreia do Norte, mantendo uma forte aliança de segurança com os Estados Unidos.
"É melhor ganhar sem lutar que ganhar numa luta, e a paz sem necessidade de lutar é a melhor segurança", afirmou, referindo-se aos laços frequentemente violentos entre o seu país e a Coreia do Norte.
Antes, Lee tinha sido oficialmente confirmado como Presidente pela Comissão Nacional de Eleições e assumiu de imediato os poderes de Presidente e de Comandante-em-Chefe, tendo falado com o mais alto dirigente militar para receber um relatório sobre a postura de defesa.
Com todos os boletins de voto contados, Lee obteve 49,42% dos cerca de 35 milhões de votos expressos, enquanto que o seu rival conservador Kim Moon-soo obteve 41,15%, o que representa a maior taxa de participação numa eleição presidencial desde 1997, segundo dados oficiais.
Lee afirmou que, no seu primeiro dia de mandato, abordaria os desafios económicos urgentes que o país enfrenta, centrando-se nas preocupações com o custo de vida que afectam as famílias de rendimentos médios e baixos e nas dificuldades dos proprietários de pequenas empresas.
O novo Presidente também enfrenta um prazo estabelecido pela Casa Branca para negociar direitos de importação que Washington disse ser responsável por um grande desequilíbrio comercial entre os países.
As acções sul-coreanas recuperaram, esta quarta-feira, com o índice de referência KOSPI .KS11 a subir mais de 2% para um máximo de 10 meses, com o sector financeiro a liderar os ganhos devido às expectativas de reforma do mercado por parte de Lee. As acções do sector das energias renováveis também subiram. Lee prometeu uma mudança para um cabaz energético mais verde.
Texto integral em inglês: nL2N3S610S