Investing.com – Após ter uma alta acumulada de 42,24% nos pregões de março e abril, as ações da JBS (BVMF:JBSS3) operam com queda de 9,55% em maio. Dos 12 pregões do mês, os papéis do frigorífico recuaram em 9 deles. A sessão de hoje é um dos 3 que estão positivos no mês, com alta de 3,08%, a R$ 40,10 às 13h12 na B3.
Em relatório divulgado a clientes nesta segunda-feira (19), o JPMorgan (NYSE:JPM) atribui a queda dos 3 pregões anteriores ao relatório do Institutional Shareholders Services (ISS), empresa de consultoria em governança corporativa, que aponta riscos de governança com a dupla listagem das ações da JBS nas bolsas brasileira e americana. A consultoria se preocupa com o formato de decisão que favorece amplamente os controladores, o que potencialmente prejudicaria os direitos dos acionistas minoritários.
Como a decisão da dupla listagem, que ocorrerá na próxima sexta-feira (23) em uma Assembleia Geral Extraordinária, ficará a cargos dos acionistas minoritários, os analistas do JPMorgan recomendam uma proteção em caso de reprovação da proposta. A estratégia recomendada pelo banco americano é pela compra de opções de venda para 30 de maio, seja diretamente ou financiada pela venda de opções de compra.
Os acionistas majoritários da JBS, J&F Holding e o BNDES, afirmaram que vão se abster na votação durante a assembleia. Os dois têm quase 70% do capital acionário do frigorífico, enquanto os minoritários estão com um pouco mais de 30%.
A expectativa pela votação da dupla listagem na {{0|B3} e na Bolsa de Valores de Nova York movimenta o preço das ações de JBS desde que a Securities Exchange Comission (SEC, a CVM dos EUA) aprovou a dupla listagem em 22 de março, o que provocou a forte alta acumulada dos papéis do frigorífico em março e abril.
A operação também depende da aprovação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A expectativa é que as ações do frigorífico comecem a ser negociados na Nyse em 12 de junho caso a dupla listagem seja aprovada.
A JBS criticou em carta destinada aos seus acionistas a posição do ISS sobre a dupla listagem. "A ISS claramente não reconhece o compromisso de longo prazo e a importância estratégica do papel e da contribuição do acionista controlador para alcançar a liderança da JBS na indústria global de alimentos", escreveu a empresa.
O Goldman Sachs (NYSE:GS) escreveu há duas semanas, em relação à estrutura de listagem dupla, que a concorrente da JBS, Tyson Foods (NYSE:TSN), também oferece diferentes classes de ações e disse que rivais como Marfrig (BVMF:MRFG3), BRF (BVMF:BRFS3) e Minerva (BVMF:BEEF3) "têm um acionista controlador claro".
Além de uma saudável correção e os efeitos da carta da ISS, o reconhecimento da administração da companhia de um 2025 “mais desafiador” do que 2024 acabou afetando a performance dos papéis em maio. Os executivos citaram, em teleconferência de resultados do 1º trimestre de 2025, o ciclo do gado apertado nos EUA e a incerteza relacionada à guerra tarifária global, o que prejudicaria as exportações de carne dos EUA para a China.
A JBS registrou um lucro líquido em linha com as expectativas de R$2,9 bilhões no primeiro trimestre, um salto de 77,6% na comparação com o mesmo período do ano passado, diante de resultados favoráveis nas unidades de aves e suínos no Brasil e nos Estados Unidos. O Ebitda avançou 38,9% para R$8,9 bilhões, com margem de 7,8%. O resultado líquido veio em linha com a previsão de analistas, segundo pesquisa da LSEG, que projetou também R$8,77 bilhões para o Ebitda ajustado.
Apesar da preocupação com a votação na Assembleia Extraordinária a respeito da dupla listagem, os analistas do JPMorgan se mantem otimistas com as ações da JBS, reiterando estar “Overweight” (equivalente à “Compra”) nos papéis do frigorífico.
O JPMorgan citou os seguintes argumentos para a sua posição em JBS:
O banco americano manteve o preço-alvo em R$ 52 por ação, um potencial de valorização de 30%. As ações da JBS são negociadas a 4,7x EV/Ebitda sob as projeções de 2025 para o frigorífico do banco americano. No entanto, a atualização do seu modelo reduziu a projeção do Ebitda em 2025 em 2%, para R$ 38,4 bilhões, ainda 4% acima do consenso, com um fluxo de caixa livre estimado de R$ 9,8 bilhões.