
Por Mike Scarcella
1 Mai (Reuters) - A Apple AAPL.O enfrenta uma possível investigação criminal por desacato depois que um juiz dos EUA disse que a empresa violou uma ordem para abrir sua lucrativa App Store para mais concorrência e enganou o tribunal.
Veja aqui como a Apple chegou até aqui e o que vem a seguir no processo de grande sucesso movido pela Epic Games, criadora do "Fortnite".
O QUE O JUIZ DISSE?
A juíza distrital dos EUA, Yvonne Gonzalez Rogers, em Oakland, decidiu na quarta-feira que a Apple (link) estava em violação “intencional” de uma liminar que ela emitiu em 2021 em uma ação antitruste movida pela Epic Games.
A Epic entrou com uma ação judicial em 2020 para afrouxar o controle da Apple sobre transações em aplicativos que usam seu sistema operacional iOS e como os aplicativos são distribuídos aos consumidores. A ordem anterior do juiz exigia que a Apple desse aos desenvolvedores mais poder para direcionar os usuários de aplicativos a opções de pagamento que não fossem da Apple, evitando a comissão de 30% da Apple.
A Apple não conseguiu convencer (link) a Suprema Corte dos EUA para anular a liminar, e ela entrou em vigor no início de 2024. A nova decisão questionava se a Apple havia cumprido os termos da liminar.
O juiz acusou a Apple de “insubordinação” e disse que ela tentou encobrir seu processo de tomada de decisão do tribunal.
O QUE A APPLE DEVE FAZER AGORA?
Gonzalez Rogers disse que a Apple deve acabar com diversas práticas que, segundo ela, foram criadas para contornar sua liminar, incluindo uma nova taxa de 27% imposta aos desenvolvedores de aplicativos quando os clientes da Apple concluem uma compra de aplicativo fora da App Store.
Ela também proibiu a empresa de usar “telas de alerta” para dissuadir os consumidores de usar opções de pagamento de terceiros. A Apple negou ter violado (link) termos da ordem do tribunal.
POR QUE O JUIZ FEZ UM ENCAMINHAMENTO POR DESACATO CRIMINAL?
Além de descobrir que a Apple tomou medidas para escapar de sua liminar, Gonzalez Rogers encaminhou a Apple e um de seus executivos a promotores federais para uma possível investigação de desacato criminal.
"A Apple tentou manter um fluxo de receita avaliado em bilhões em desafio direto à liminar deste tribunal", disse ela, descobrindo que registros internos mostravam que "a Apple sabia exatamente o que estava fazendo" e que um executivo financeiro havia mentido sob juramento.
Os juízes federais têm autoridade para solicitar que uma agência investigativa, como o Departamento de Justiça dos EUA, investigue se empresas e indivíduos devem ser processados criminalmente por violar ordens judiciais.
Gonzalez Rogers se recusou a dizer se o governo deve apresentar uma acusação. Isso caberá ao procurador dos EUA que supervisiona as equipes de acusação federal de San Francisco e Oakland.
Empresas que cometem desacato criminal podem estar sujeitas a multas, e indivíduos podem enfrentar pena de prisão.
A APPLE PODE RECORRER?
Sim. A Apple disse que discordava da decisão do tribunal e pediria ao 9º Tribunal de Apelações dos EUA, sediado em San Francisco, que revise a ordem.
A Apple poderia solicitar ao tribunal a suspensão imediata da ordem de Gonzalez Rogers enquanto prossegue com a contestação. O recurso pode avançar relativamente rápido, visto que a maioria das complexas questões antitruste do caso já foram resolvidas.
A Apple pode enfrentar um alto nível de exigência em seu recurso, dado o extenso histórico factual apresentado pela Epic em primeira instância. Os tribunais de apelação podem ser deferentes aos juízes de primeira instância nessas circunstâncias.
Após as decisões do 9º Circuito, qualquer um dos lados pode pedir à Suprema Corte dos EUA para revisar a decisão.