Por Steve Holland e Jarrett Renshaw
MORRISTOWN, Estados Unidos, 28 Abr (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pediu no domingo que a Rússia interrompa seus ataques na Ucrânia e sugeriu que o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, está disposto a ceder a Crimeia como preço de um acordo de paz com a Rússia.
Falando a repórteres em Nova Jersey, Trump disse que estava desapontado com o fato de a Rússia ter continuado a atacar a Ucrânia e disse que sua reunião individual com Zelenskiy no Vaticano, no sábado, correu bem.
Perguntado se Zelenskiy estaria pronto para abrir mão da Crimeia -- a península do Mar Negro tomada pela Rússia em 2014 -- como parte de um futuro acordo de paz com Moscou, Trump declarou: "Acho que sim, sim. Veja, a Crimeia foi há 12 anos".
Trump então culpou seus antecessores democratas, os presidentes Barack Obama e Joe Biden, por terem permitido que a Rússia tomasse a Crimeia "sem que um tiro fosse disparado".
"Portanto, não fale comigo sobre a Crimeia. Falem com Obama e Biden sobre a Crimeia. E lembrem-se, essa é a guerra de Biden. Esta não é a guerra de Trump. Eu entrei para tentar resolver um problema. E o problema é que muitas pessoas estão sendo mortas."
As propostas dos EUA para encerrar a guerra de três anos na Ucrânia exigiam o reconhecimento de Washington do controle de Moscou sobre a Crimeia, bem como o reconhecimento de fato do domínio da Rússia sobre outras partes da Ucrânia. Em contraste, as contrapropostas europeias e ucranianas adiam a discussão detalhada sobre território até que um cessar-fogo seja concluído.
Sobre Zelenskiy, Trump disse no domingo: "Eu o vejo mais calmo. Acho que ele entende o cenário e acho que ele quer fazer um acordo".
Enquanto isso, o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, afirmou no domingo que o governo Trump poderia abandonar suas tentativas de intermediar um acordo se a Rússia e a Ucrânia não avançarem.
"Isso precisa acontecer logo", disse Rubio ao programa da NBC "Meet the Press". "Não podemos continuar a dedicar tempo e recursos a esse esforço se ele não for concretizado."
Trump e Zelenskiy, em Roma para o funeral do papa Francisco, reuniram-se em uma basílica do Vaticano no sábado para tentar retomar os esforços para acabar com a guerra na Ucrânia. A reunião foi a primeira entre os dois líderes desde um encontro furioso no Salão Oval da Casa Branca em fevereiro e ocorre em um momento crítico nas negociações que visam pôr fim ao conflito.
Trump repreendeu o presidente russo, Vladimir Putin, após essa reunião, dizendo nas mídias sociais que "não há motivo" para a Rússia disparar mísseis em áreas civis.
Em uma entrevista pré-gravada que foi ao ar no programa da CBS "Face the Nation" no domingo, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, disse que a Rússia continuaria a alvejar locais usados pelos militares da Ucrânia.
((Tradução Redação São Paulo))
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