Por Joshua McElwee e Crispian Balmer e Philip Pullella
CIDADE DO VATICANO, 26 Abr (Reuters) - Presidentes, membros da realeza e milhares de pessoas de luto se despediram do papa Francisco neste sábado em uma cerimônia fúnebre solene, onde um cardeal apelou para que o legado do pontífice de cuidar de migrantes, oprimidos e do meio ambiente seja mantido vivo.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que havia entrado em conflito com o papa sobre essas questões, sentou-se com fileiras de autoridades internacionais de um lado do caixão, na imensa Praça de São Pedro.
Do outro lado estavam os cardeais que escolherão o sucessor de Francisco em um conclave no mês que vem, decidindo se o sucessor de Francisco deve continuar com sua busca do falecido pontífice por uma Igreja mais aberta ou ceder aos conservadores que querem retornar a um papado mais tradicional.
O papa argentino, que ocupou o posto por 12 anos, morreu aos 88 anos na segunda-feira após sofrer um derrame.
"Rico em calor humano e profundamente sensível aos desafios de hoje, o papa Francisco realmente compartilhou as ansiedades, os sofrimentos e as esperanças deste tempo", disse o cardeal italiano Giovanni Battista Re, que presidiu a missa fúnebre.
O Vaticano estimou que mais de 250 mil pessoas compareceram à cerimônia, lotando a praça e as ruas ao redor.
A multidão, que lotava a praça e as ruas ao redor, irrompeu em aplausos quando Re falou sobre o cuidado de Francisco com imigrantes, seus constantes apelos por paz, a necessidade de negociações para acabar com guerras e a importância de abordar as mudanças climáticas.
Eles bateram palmas ruidosamente mais uma vez no final da missa, quando os sediários pontifícios pegaram o caixão e o inclinaram levemente para que mais pessoas pudessem ver.
Após o funeral, com os sinos da igreja tocando ao fundo, o caixão foi colocado em um papamóvel aberto e levado pelo coração de Roma até a Basílica de Santa Maria Maggiore, com milhares de pessoas ao longo do caminho.
O papa Francisco, que evitou grande parte da pompa e privilégio do papado durante seus 12 anos à frente da Igreja, pediu para ser enterrado lá em vez da cripta da Basílica de São Pedro, que é o local de descanso tradicional dos papas.
Multidões estimadas pela polícia local em cerca de 150 mil pessoas se aglomeraram ao longo da rota de 5,5 quilômetros até a Basílica de Santa Maria Maggiore.
Alguns seguravam cartazes e outros jogavam flores em direção ao caixão. Gritavam "viva il papa" (viva o papa) e "ciao, Francesco" (adeus, Francisco) enquanto a procissão percorria os antigos monumentos de Roma, incluindo o Coliseu.
TRUMP ENCONTRA ZELENSKIY
O funeral proporcionou uma oportunidade para Trump ter um breve encontro com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, em um momento em que o presidente dos EUA pressiona por um acordo para acabar com a guerra na Ucrânia.
Uma autoridade da Casa Branca disse que eles tiveram uma "discussão muito produtiva".
Entre os outros chefes de Estado que compareceram ao funeral estavam o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e presidentes da Argentina, França, Gabão, Alemanha, Filipinas e Polônia, juntamente com os primeiros-ministros do Reino Unido e Nova Zelândia, e muitos membros da realeza, incluindo o rei e a rainha da Espanha.
Nos últimos três dias, cerca de 250 mil pessoas passaram em frente ao caixão aberto do papa Francisco, exposto diante do altar da basílica.
Muitos fiéis acamparam para tentar garantir lugares na frente da multidão, enquanto outros correram para lá no início da manhã.
"Quando cheguei à praça, lágrimas de tristeza e também de alegria me invadiram. Acho que realmente percebi que o Papa Francisco nos deixou e, ao mesmo tempo, há alegria por tudo o que ele fez pela Igreja", disse Aurélie André, uma fiel francesa.
O papa levou seu desejo por maior simplicidade para seu funeral, tendo reescrito os elaborados ritos fúnebres usados anteriormente. Ele será o primeiro papa a ser enterrado fora do Vaticano em mais de um século.
((Tradução Redação Brasília))
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