Por Joey Roulette
WASHINGTON, 25 Abr (Reuters) - Um satélite russo secreto que as autoridades dos Estados Unidos acreditam estar conectado a um programa de armas nucleares antissatélite parece estar girando incontrolavelmente no espaço, sugerindo que pode não estar mais funcionando em uma situação que poderia se configurar como um revés para os esforços de armas espaciais de Moscou, disseram analistas dos EUA.
Lançado pela Rússia semanas antes de invadir a Ucrânia em 2022, o satélite Cosmos 2553 teve vários surtos do que parece ser uma rotação errante no ano passado, de acordo com dados de radar Doppler da empresa de rastreamento espacial LeoLabs e dados ópticos da Slingshot Aerospace compartilhados com a Reuters.
Encarado como um satélite de radar para a inteligência russa e também uma plataforma de teste de radiação, o satélite tornou-se no ano passado o centro das alegações dos EUA de que a Rússia há anos vem desenvolvendo uma arma nuclear capaz de destruir redes inteiras de satélites, caso do vasto sistema de internet Starlink da SpaceX que as tropas ucranianas têm usado.
As autoridades dos EUA avaliam que o objetivo do Cosmos 2553, embora não seja uma arma em si, seja ajudar a Rússia a desenvolver uma arma nuclear antissatélite. A Rússia nega que esteja desenvolvendo tal arma e diz que o Cosmos 2553 é utilizado para fins de pesquisa.
Potência espacial histórica que lançou o primeiro homem no espaço em 1961, a Rússia está há décadas envolvida em uma corrida pela segurança no espaço com os EUA que, nos últimos anos, ganhou força e ficou evidente para o público à medida que a órbita da Terra torna-se um ponto de acesso para a concorrência do setor privado e para tecnologias militares que auxiliam as forças terrestres.
O satélite Cosmos 2553 está em uma órbita relativamente isolada, cerca de 2.000 km acima da Terra, estacionado em um ponto de acesso de radiação cósmica que os satélites de comunicação ou de observação normalmente evitam.
Em novembro, a LeoLabs detectou o que pareciam ser movimentos errantes do satélite usando medições de radar Doppler de sua rede global de estações terrestres. Em dezembro, a empresa atualizou sua avaliação para "alta confiança" de que o satélite estava caindo, com base em dados adicionais de radar e imagens do satélite obtidas por outra empresa espacial, disse à Reuters Darren McKnight, membro técnico sênior da LeoLabs.
O Ministério da Defesa da Rússia não retornou um pedido de comentário.
"Essa observação sugere fortemente que o satélite não está mais operacional", disse o Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, um think tank com sede em Washington, sobre a análise do LeoLabs em sua Avaliação Anual de Ameaças Espaciais, que deve ser lançada nesta sexta-feira e compartilhada com a Reuters.
O satélite já havia mostrado sinais de comportamento estranho. O Slingshot, cuja rede global de telescópios vem rastreando o satélite desde seu lançamento em 5 de fevereiro de 2022, detectou movimentos em maio de 2024.
"O Slingshot notou que o brilho do objeto se tornou variável, indicando uma possível queda", disse um porta-voz da empresa.
Mas, de acordo com as últimas observações do Slingshot, o Cosmos 2553 parece ter se estabilizado, segundo Belinda Marchand, diretora científica da empresa.
(Reportagem de Joey Roulette)
((Tradução Redação Brasília))
REUTERS MCM