Criação de empregos nos EUA mostra resiliência em março e supera expectativas

Por Julio Alves

Investing.com – A economia dos Estados Unidos criou 228 mil postos de trabalho fora do setor agrícola em março, com a taxa de desemprego se mantendo estável em 4,2%, conforme o relatório da Secretaria de Estatísticas de Trabalho (Bureau of Labor Statistics, BLS).

Esperava-se que o crescimento do emprego no país registrasse uma desaceleração no mês passado, devido a um possível impacto das demissões no setor público e à incerteza provocada pelas novas tarifas de importação impostas pelo presidente Donald Trump.

Economistas projetavam a criação de cerca de 137 mil vagas no mês, abaixo da média recente, com a taxa de desemprego mantida em 4,1%.

Os setores de saúde, assistência social e transporte e armazenagem registraram os maiores acréscimos de vagas. O comércio varejista também apresentou crescimento, parcialmente devido ao retorno de trabalhadores após uma greve. Por outro lado, o emprego no governo federal sofreu uma retração.

Outros setores, como mineração, construção, manufatura, comércio atacadista, informação, atividades financeiras, serviços profissionais e empresariais, lazer e hospitalidade, e outros serviços, mostraram pouca variação no emprego durante o mês.

O aumento de empregos não agrícolas em março superou a média mensal de 158 mil dos 12 meses anteriores.

Dados divulgados no início da semana indicaram queda nas vagas de emprego em fevereiro, embora empregadores do setor privado tenham criado mais postos do que o esperado em março, segundo o Relatório Nacional de Emprego da ADP.

O sentimento dos investidores em relação à economia dos Estados Unidos segue cauteloso, com receios de que a reformulação do sistema comercial promovida pela administração Trump provoque uma desaceleração do crescimento global.

Rendimentos e jornada de trabalho

Em março, o salário médio por hora dos trabalhadores do setor privado norte-americano subiu 0,3%, ou 9 centavos, atingindo US$ 36,00. No acumulado de 12 meses, os ganhos médios por hora aumentaram 3,8%. Entre os empregados de produção e cargos não relacionados à supervisão, o avanço foi de 0,2% (5 centavos), totalizando US$ 30,96 por hora.

A jornada média semanal permaneceu estável em 34,2 horas. Na indústria manufatureira, a média foi de 40,2 horas, com as horas extras mantendo-se em 2,9 horas. Já entre os trabalhadores de produção e não supervisores, a carga horária média aumentou 0,2 hora, para 33,8 horas semanais.

As revisões dos dados mostraram que os números de criação de vagas em janeiro foram ajustados de 125 mil para 111 mil, enquanto os de fevereiro passaram de 151 mil para 117 mil. Com isso, o saldo combinado de janeiro e fevereiro foi 48 mil postos inferior ao previamente divulgado.

Powell sob os holofotes

O foco dos mercados nesta sexta-feira também inclui os comentários do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, previstos para as 12h25 de Brasília.

Na reunião de março, o banco central decidiu manter a taxa básica de juros no intervalo entre 4,25% e 4,50%, justificando a decisão com base na elevada incerteza econômica.

Os dirigentes do Fed enfrentam agora um dilema: o avanço esperado na inflação ao consumidor contrasta com o risco crescente de recessão, em meio à retração dos gastos por parte de empresas e famílias.

No mercado futuro, as apostas indicam cortes acumulados de cerca de 100 pontos-base até o fim de 2025.