3 Abr - O presidente dos EUA, Donald Trump, disse que iria impor uma tarifa básica de 10% sobre todas as importações para os Estados Unidos e taxas mais altas sobre alguns dos maiores parceiros comerciais do país, gerando respostas desafiadoras de líderes e governos ao redor do mundo.
Trump não está a impor a sua nova tarifa global de 10% sobre produtos dos principais parceiros comerciais Canadá e México, enquanto a sua ordem anterior permanece em vigor para tarifas de até 25% sobre muitos produtos dos dois países devido a questões de controlo de fronteira e tráfico de fentanil, disse a Casa Branca num folheto informativo.
Aqui estão algumas reacções de altos funcionários e governos ao redor do mundo:
PRESIDENTE DA COMISSÃO EUROPEIA URSULA VON DER LEYEN
"O anúncio do presidente Trump de tarifas universais para o mundo inteiro, incluindo a UE, é um grande golpe para a economia mundial."
"A incerteza vai aumentar e desencadear o aumento de mais proteccionismo. As consequências serão terríveis para milhões de pessoas ao redor do globo."
"Já estamos a finalizar um primeiro pacote de contramedidas em resposta às tarifas sobre o aço. E agora estamos a preparar-nos para mais contramedidas, para proteger os nossos interesses e os nossos negócios se as negociações falharem."
MINISTÉRIO DO COMÉRCIO DA CHINA
"A China opõe-se firmemente a isso e tomará contramedidas para salvaguardar os seus próprios direitos e interesses."
"Não há vencedores em guerras comerciais, e não há saída para o proteccionismo. A China pede que os EUA levantem imediatamente as tarifas unilaterais e resolvam adequadamente as diferenças com os seus parceiros comerciais por meio do diálogo em pé de igualdade."
PRIMEIRO MINISTRO DO JAPÃO SHIGERU ISHIBA
"As amplas restrições comerciais do governo dos EUA terão um impacto significativo não apenas no relacionamento económico entre o Japão e os EUA, mas também na economia global e no sistema de comércio multilateral como um todo."
"Temos sérias preocupações sobre a consistência dessas medidas com o Acordo da OMC e o Acordo Comercial Japão-EUA."
"Continuaremos a insistir fortemente para que os EUA revejam as suas medidas."
PRIMEIRO MINISTRO CANADIANO MARK CARNEY
"(Trump) preservou uma série de elementos importantes do nosso relacionamento, o relacionamento comercial entre o Canadá e os Estados Unidos. Mas as tarifas de fentanil ainda permanecem em vigor, assim como as tarifas para aço e alumínio."
"Vamos combater essas tarifas com contramedidas, vamos proteger os nossos trabalhadores e vamos construir a economia mais forte do G7."
MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES DO BRASIL
"O governo brasileiro lamenta a decisão tomada pelo governo norte-americano hoje, 2 de abril, de impor tarifas adicionais de no máximo 10% sobre todas as exportações brasileiras para aquele país."
"O governo brasileiro está a avaliar todas as acções possíveis para garantir a reciprocidade no comércio bilateral, inclusivé recorrendo à Organização Mundial do Comércio, em defesa dos legítimos interesses nacionais."
PRIMEIRO-MINISTRO AUSTRALIANO ANTHONY ALBANESE
"As tarifas da administração (Trump) não têm base lógica e vão contra a base da parceria entre as nossas duas nações. Este não é o acto de um amigo. A decisão de hoje aumentará a incerteza na economia global e aumentará os custos para as famílias americanas."
PRESIDENTE INTERINO DA COREIA DO SUL HAN DUCK-SOO
"À medida que a guerra comercial global se torna uma realidade, o governo deve empregar todas as suas capacidades para superar a crise comercial."
MINISTRO DO COMÉRCIO DA NOVA ZELÂNDIA TODD MCCLAY
"Os interesses da Nova Zelândia são melhor atendidos num mundo onde o comércio flui livremente... O relacionamento bilateral da Nova Zelândia com os EUA continua forte. Conversaremos com a administração para obter mais informações, e com nossos exportadores para entender melhor o impacto que este anúncio terá."
PRIMEIRO-MINISTRO ESPANHOL PEDRO SANCHEZ
"A Espanha protegerá as suas empresas e trabalhadores e continuará comprometida com um mundo aberto."
PRIMEIRO MINISTRO SUECO ULF KRISTERSSON
"Não queremos barreiras comerciais crescentes. Não queremos uma guerra comercial... Queremos encontrar nosso caminho de volta para um caminho de comércio e cooperação junto com os EUA, para que as pessoas em nossos países possam desfrutar de uma vida melhor."
PRESIDENTE SUÍÇA KARIN KELLER-SUTTER
"(O Conselho Federal) determinará rapidamente os próximos passos. Os interesses económicos de longo prazo do país são primordiais. A adesão à lei internacional e ao livre comércio continuam a ser valores essenciais."
PRIMEIRO-MINISTRO IRLANDÊS MICHEAL MARTIN
"A decisão dos EUA hoje à noite de impor tarifas de 20% sobre importações de toda a UE é profundamente lamentável. Acredito firmemente que tarifas não beneficiam ninguém. A minha prioridade, e a do governo, é proteger os empregos irlandeses e a economia irlandesa."
PRIMEIRA MINISTRA ITALIANA GIORGIA MELONI
"Faremos tudo o que pudermos para trabalhar em prol de um acordo com os Estados Unidos, com o objectivo de evitar uma guerra comercial que inevitavelmente enfraqueceria o Ocidente em favor de outros actores globais."
MANFRED WEBER, PRESIDENTE DO PPE, MAIOR PARTIDO DO PARLAMENTO EUROPEU
"Para os nossos amigos americanos, hoje não é dia de libertação - é dia de ressentimento. As tarifas de Donald Trump não defendem o comércio justo; elas atacam-o por medo e ferem ambos os lados do Atlântico. A Europa está unida, pronta para defender os seus interesses e aberta a conversas justas e firmes."
PRESIDENTE COLOMBIANO GUSTAVO PETRO
"Nós só faremos as importações dos EUA mais caras se elas tirarem os nossos empregos. Mas não aumentaremos as tarifas se os seus produtos ajudarem a criar empregos de maior valor."
Texto original em inglês: nL2N3QH07W