Por Lili Bayer e Charlotte Van Campenhout
BRUXELAS, 20 Mar (Reuters) - A chefe de política externa da União Europeia, Kaja Kallas, pediu aos líderes da UE nesta quinta-feira que prometam 5 bilhões de euros em projéteis de artilharia para a Ucrânia, a fim de fortalecer sua posição nas negociações de paz, em meio a divergências sobre como reforçar as capacidades militares de Kiev e da própria UE.
Ao chegar a uma cúpula da UE em Bruxelas, Kallas pediu aos líderes que correspondam às palavras de apoio a Kiev com ações, no momento em que o presidente dos EUA, Donald Trump, avança com seus esforços para acabar com a guerra, inclusive por meio de uma reaproximação com a Rússia.
Kallas reduziu uma proposta de prometer até 40 bilhões de euros em ajuda militar à Ucrânia este ano, com cada país contribuindo de acordo com seu tamanho econômico, após a resistência de alguns países, especialmente no sul da Europa.
Ela disse aos repórteres que agora estava se concentrando no que o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskiy -- que falou na cúpula por meio de um link de vídeo -- diz precisar com mais urgência, como 2 milhões de projéteis de artilharia a um custo de 5 bilhões de euros.
"Devemos pelo menos começar a dar um passo realmente concreto -- não apenas com palavras, mas também com ações que ajudem a Ucrânia neste momento. Porque quanto mais fortes eles forem no campo de batalha, mais fortes eles serão atrás da mesa de negociações", disse Kallas.
O reforço das defesas da própria UE também faz parte da agenda da cúpula, refletindo o profundo temor de que Moscou possa atacar um membro da UE nos próximos anos e as dúvidas sobre o futuro da proteção dos EUA para a Europa por meio da aliança de defesa da Otan.
O presidente da Lituânia, Gitanas Nauseda, reiterou seu apoio a Kiev na quinta-feira, dizendo que "a Ucrânia precisa de nossa assistência militar, a Ucrânia precisa de mísseis de longo alcance e estamos prontos para fornecê-la. Devemos aumentar a pressão sobre a Rússia".
"Temos que nos rearmar porque, caso contrário, seremos as próximas vítimas da agressão russa", acrescentou.
No entanto, algumas capitais do sul da Europa têm sido mais reticentes, refletindo uma divisão entre aquelas geograficamente mais próximas da Rússia, que têm dado mais ajuda à Ucrânia, e aquelas mais distantes, que deram menos, como parte de suas economias.
O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, disse que não gosta do termo "rearmar", que a Comissão Europeia tem usado amplamente em sua pressão por mais gastos com defesa.
"É importante levar em conta que os desafios que enfrentamos na vizinhança do sul são um pouco diferentes daqueles enfrentados pelo flanco leste", afirmou ele.
((Tradução Redação São Paulo))
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