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Com gastos e reajustes de início de ano, o que esperar do IPCA de janeiro?

Investing.com7 de fev de 2025 às 14:15

Investing.com – O início de ano contempla uma série de gastos adicionais e reajustes comuns nesta época, que tendem a trazer influências sazonais ao indicador oficial de inflação. Na próxima semana, a primeira leitura do índice cheio do ano deve balizar as expectativas dos investidores, que vão buscar pistas para as próximas reuniões de política monetária, com a expectativa de pelo menos mais um aumento de 100 pontos-base na taxa de juros Selic, conforme sinalizado pelo Banco Central.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apresenta na próxima terça-feira, 11, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de janeiro. Em um mês com reajustes de taxas como água, esgoto e transporte coletivo, a prévia de meio de mês (IPCA-15) subiu 0,11%. A maior variação e impacto veio do grupo de alimentação e bebidas, com destaque para altas do tomate e café, seguido do grupo de transportes, com pressão em passagens aéreas. A habitação, por sua vez, registrou deflação, diante da incorporação do Bônus de Itaipu nas contas de energia elétrica.

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Helena Veronese, economista-chefe da B.Side Investimentos, acredita que a leitura de janeiro deve vir baixa, em torno de 0,12%, mas não deixa de trazer preocupação. Ainda que muitos grupos registrem aumentos pouco expressivos, os de maior peso chamam atenção.

“O primeiro deles, alimentos, que vai continuar tendo uma inflação positiva. Transportes, que já veio também no IPCA-15 um pouco pressionado, deve ter ainda essa pressão sendo observada no mês de janeiro, não por conta de combustíveis, porque o reajuste de diesel ainda não vai pegar o IPCA cheio de janeiro, começa a pegar em fevereiro, mas por conta de reajustes de tarifas em algumas capitais”.

A especialista alerta que os núcleos também devem ser monitorados de perto, pois surpreenderam na prévia, especialmente por conta de serviços.

“A inflação de serviços é uma inflação que tem uma indexação muito elevada, então se ela está muito acima do esperado num determinado momento do tempo, como ocorre agora, é muito difícil a gente ver uma volta rápida desses números”.

Além dos impactos sazonais de começo do ano, como transportes, revisões de contratos e aumentos no setor de educação, ainda que tenha registrado queda nos últimos dias, um dólar mais elevado frente ao real é um dos pontos de pressão para a inflação, alerta Maurício Lamon, CFA, portfolio manager na GCS Capital.

“Enxergamos bastante volatilidade no dólar, que se traduz em inflação no setor de alimentos, especificamente carnes e alguma coisa em leites, ovos, mas itens que compõem a cesta básica do consumidor brasileiro”. O grupo de alimentação também sofre com pressões diante do clima, com dificuldades em algumas safras.

O dólar afeta não só commodities agrícolas, mas ainda preços de combustíveis, eletrônicos, medicamentos e insumos industriais, alerta Maurício Takahashi, professor de Ciências Econômicas da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), campus Alphaville.

A inflação brasileira nos últimos meses vem sendo influenciada por cinco pontos, segundo o docente, incluindo pressão de demanda, desvalorização do real, choque de preços de energia, inflação inercial e pressão externa.

“Do ponto de vista mais estrutural, nós temos uma questão de pressão de demanda, o consumo ainda continua aquecido. Existe uma situação de expansão de gastos do governo”, detalha Takahashi.

Com crescimento robusto da economia no ano passado, apesar da desaceleração no final do ano, um mercado de trabalho fortalecido também é um fator de atenção para altas nos preços, diante de aumentos nos salários e na renda disponível.

Primeira leitura do ano e perspectivas de política monetária

O primeiro dado cheio do ano é importante para a formação de expectativas de economistas e dos investidores, após a última decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de elevar a taxa de juros Selic para 13,25%. A desancoragem das expectativas e a pressão do câmbio são fatores de risco mencionados pelo colegiado, que definiu por um aumento de 100 pontos-base de forma unânime e sinalizou para outra elevação na mesma magnitude, sem indicar o que pode ocorrer nos encontros subsequentes.

A firmeza da comunicação do Copom surpreendeu, na visão de Lamon. “É muito cedo para jogar louros ou para dar mérito, mas eu olho com viés positivo e com expectativa de que, se necessário, teremos sim uma política mais contracionista por parte do Bacen”.

A alta na inflação e, por consequência, nas taxas de juros, tende a elevar as despesas financeiras das empresas, pressionando principalmente os setores que dependem de crédito ou que têm alto endividamento, como os de varejo e construção civil, completa Takahashi.

Em fevereiro, outros fatores sazonais tendem a pressionar a inflação, segundo os especialistas consultados. Veronese elenca como exemplos aumentos de mensalidades, compra de material escolar, além de um reajuste do diesel, que deve começar a influenciar o indicador deste mês.

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