Por Sergio Goncalves e Andrei Khalip
LISBOA, 5 Fev (Reuters) - A oferta pública inicial (IPO) do Novo Banco será benéfica para o sector bancário português, afirmou o Governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, esta quarta-feira, mas apelou a uma abordagem cautelosa em relação a quaisquer outras aquisições ou consolidações.
O Novo Banco foi criado em 2014 como resultado de um resgate governamental do Banco Espírito Santo, que entrou em colapso. O fundo norte-americano Lone Star detém uma participação de 75%, com o fundo de resolução de Portugal e o Estado a deterem o restante.
Fontes conhecedoras do assunto disseram à Reuters que a Lone Star estava a ponderar um IPO, bem como a venda total do Novo Banco, no valor de cerca de 5 mil milhões de euros (5,21 mil milhões de dólares), o que poderia levar a uma fusão com outro banco a operar em Portugal.
"Considero que o IPO é um bom resultado para o funcionamento e competitividade do sector bancário (português)", disse Centeno, numa entrevista à Reuters. Centeno afirmou que seria muito bom ver o quarto maior banco português a entrar na bolsa, já que apenas um banco do país, o Millennium BCP BCP.LS, está cotado.
Os cinco maiores bancos de Portugal já controlam mais de 80% dos activos bancários do país, mas os analistas vêem espaço para uma maior consolidação.
Centeno afirmou: "A consolidação é um tema que o mercado novamente tem de ditar". Mas, apelou, os intervenientes à "prudência e ao cuidado", de forma a não colocarem em risco os bons resultados que o sistema financeiro português tem alcançado nos últimos anos em termos de capital, liquidez e 'cost-to-income'.
"Temos de perceber o que cada parte pode fazer e qual é o objectivo, porque a estabilidade do sector exige que as unidades que nele operam também sejam estáveis", afirmou. Ele referiu que, no passado, várias fusões e aquisições no sector acabaram por falhar, experiência que não vale a pena repetir. Não forneceu mais pormenores.
Em Junho, o CEO da Caixa Geral de Depósitos, Paulo Macedo, disse que o seu banco controlado pelo Estado, o maior de Portugal, estava a ponderar "todas as hipóteses" de comprar outro banco para preservar a sua liderança de mercado face à expansão de bancos estrangeiros, em especial espanhóis.
Centeno foi mais cauteloso: "A Caixa é um banco muito importante, mas isso também traz responsabilidades. É uma decisão de negócio com consequências sistémicas que devem ser analisadas".
Os outros grandes bancos do país incluem a unidade portuguesa do espanhol Santander SAN.MC e o Banco BPI, propriedade do espanhol CaixaBank CABK.MC.
(1 dólar = 0,9599 euros)
Texto integral em inglês: nL8N3OW27N