
Donald Trump disse a repórteres na quinta-feira, na Casa Branca, que a Índia "praticamente parou de comprar petróleo da Rússia" e que, se o primeiro-ministro Narendra Modi lhe enviar um convite, ele está pronto para retornar a Nova Déli em 2026.
Ele disse que as negociações comerciais estão "indo bem" e aproveitou o momento para mencionar sua última viagem à Índia, chamando Modi de "seu amigo" e um "grande homem".
Isso ocorre em um momento em que as relações entre os EUA e a Índia estão instáveis. A conexão entre os dois países chegou a um impasse nos últimos meses, especialmente após uma série de fortes desentendimentos sobre tarifas, taxas de visto e a Rússia.
A alegação de Trump de que havia intermediado um acordo de paz entre a Índia e o Paquistão também não ajudou, especialmente porque a Índia continuou comprando petróleo bruto russo. Especialistas afirmaram que a "falta de entrosamento" entre os dois líderes contribuiu para o enfraquecimento da aliança.
Atualmente, os produtos indianos são taxados em 50% pelos EUA, uma tarifa ainda pior que a da China, de 47%. Enquanto isso, profissionais indianos que desejam trabalhar nos EUA precisam desembolsar US$ 100.000 para obter o visto H1B. Esse valor, por si só, representa um grande obstáculo para a cooperação bilateral.
Mas agora, as negociações estão de volta aos trace, de acordo com Alexandra Hermann, da Oxford Economics, ambos os lados acreditam que um acordo comercial poderá ser fechado “até o final do ano, possivelmente até mesmo nas próximas semanas”.
Se isso acontecer, as tarifas sobre produtos indianos poderão cair para 20%, colocando a Índia em pé de igualdade com países como Vietnã, Tailândia e Filipinas. Mas não espere milagres.
Hermann afirmou que a taxa provavelmente não cairá para 15%, como no Japão ou na Coreia do Sul, devido aos laços contínuos da Índia com a Rússia, aos problemas não resolvidos com a agricultura e ao seu limitado comprometimento em investir fortemente nos EUA.
Além disso, os EUA impuseram sanções no mês passado à Rosneft e à Lukoil, duas das maiores empresas petrolíferas da Rússia. Essas sanções entram em vigor em 21 de novembro e já estão surtindo efeito. Refinarias indianas e chinesas começaram a reduzir as importações de petróleo russo.
Segundo a Reuters, a diferença de preço entre o petróleo russo e o Brent atingiu o seu nível mais alto na Ásia em um ano, devido à redução da produção por parte das refinarias de ambos os países.
Ainda assim, o Ministério do Petróleo e Gás Natural da Índia não respondeu à CNBC quando questionado se o governo estava oficialmente reduzindo as compras de petróleo russo. E o panorama geral? É complicado.
Prateek Pandey, da Rystad Energy, afirmou categoricamente: "A longo prazo, eliminar completamente o petróleo russo não é realista para a Índia". Ele ressaltou que, se o petróleo bruto russo ficar mais barato, a estratégia indiana de priorizar a economia será posta à prova.
Trump não está apenas de olho na Índia. Na sexta-feira, ele se reuniu com o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, para discutir a dependência da Hungria em relação ao petróleo russo.
Foi o primeiro encontro a sós entre eles desde que Trump retornou à Casa Branca em janeiro, e a Rússia foi o tema central. Ambos os líderes são bastante críticos em relação à imigração, mas os laços petrolíferos de Orbán com Moscou o colocam em uma situação delicada.
Trump tem se empenhado em pressionar os países europeus a interromperem a compra de petróleo russo para sufocar o financiamento de Moscou para a guerra na Ucrânia. Mas a Hungria não abriu mão da energia russa desde a invasão de 2022, mesmo com as críticas de seus aliados da UE e da OTAN.
Antes da reunião, autoridades húngaras disseram que Orban queria pressionar por um diálogo entre os EUA e a Rússia e possivelmente obter isenções das sanções energéticas americanas.
Trump havia dito anteriormente que se encontraria com Vladimir Putin em Budapeste, mas o Kremlin recuou após rejeitar um cessar-fogo. "Todas as negociaçõesmatic são difíceis", disse Orbán à mídia estatal húngara, "mas espero uma negociação amigável e tranquila".
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