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Conselho da AIEA aprova resolução exigindo respostas e acesso do Irã

Reuters20 de nov de 2025 às 13:29

Por Francois Murphy

- O Conselho de Governadores do órgão de vigilância nuclear da ONU, composto por 35 países, aprovou uma resolução nesta quinta-feira que afirma que o Irã deve informá-lo "sem demora" sobre a situação de seu estoque de urânio enriquecido e das instalações atômicas bombardeadas, disseram diplomatas na reunião a portas fechadas.

O objetivo principal da resolução é renovar e ajustar o mandato da Agência Internacional de Energia Atômica para relatar aspectos do programa nuclear do Irã, mas também afirmou que o Irã deve fornecer rapidamente à AIEA as respostas e o acesso que deseja, cinco meses após os ataques aéreos de Israel e dos EUA.

O Irã, que afirma que seus objetivos nucleares são totalmente pacíficos, alertou anteriormente que se a resolução fosse aprovada, "afetaria negativamente" a cooperação de Teerã com a agência. Os Estados Unidos e as três principais potências da Europa apresentaram a resolução.

"Nossa mensagem é clara: o Irã deve resolver suas questões de salvaguardas sem demora. Ele deve fornecer cooperação prática por meio de acesso, respostas, restauração do monitoramento, para permitir que a agência faça seu trabalho e ajude a reconstruir a confiança", disseram EUA, Reino Unido, França e Alemanha em uma declaração ao conselho.

"MUITO ATRASADA

A resolução foi aprovada com 19 votos a favor, três contra e 12 abstenções, informaram os diplomatas na reunião em Viena. Rússia, China e Níger foram os países que se opuseram à resolução.

"O Irã deve (...) fornecer à agência, sem demora, informações precisas sobre a contabilidade de materiais nucleares e instalações nucleares protegidas no Irã, e conceder à agência todo o acesso necessário para verificar essas informações", diz o texto da minuta da resolução apresentada ao conselho e vista pela Reuters.

O Irã ainda não permitiu que os inspetores entrem nas instalações nucleares que Israel e os Estados Unidos bombardearam em junho, e a AIEA diz que a contabilidade do estoque de urânio enriquecido do Irã, que inclui material próximo ao grau de bomba, está "muito atrasada" e a questão precisa ser tratada "urgentemente".

A AIEA não pode inspecionar as instalações bombardeadas ou verificar o estoque de urânio do Irã até que Teerã apresente um relatório atualizando-o sobre o que aconteceu com elas. Os locais bombardeados incluem as três usinas de enriquecimento do Irã que estão em funcionamento na época.

Quando Israel bombardeou as instalações nucleares do Irã pela primeira vez, em 13 de junho, a AIEA estimou que o Irã tinha 440,9 quilos de urânio enriquecido com até 60% de pureza físsil, um pequeno passo em relação aos cerca de 90% de grau de armamento, em uma forma que pode ser facilmente enriquecida ainda mais.

O Irã afirma que pode enriquecer até o nível que desejar, tendo em vista seus objetivos pacíficos.

Em princípio, isso é suficiente, se for enriquecido ainda mais, para 10 bombas nucleares, de acordo com parâmetros da AIEA.

HAVERÁ "CONSEQUÊNCIAS", DIZ IRÃ

As potências ocidentais afirmam que não há explicação civil para o enriquecimento em um nível tão alto, e a AIEA diz que produzir e armazenar tanto é "uma questão de grande preocupação".

"Temos a firme convicção de que qualquer ação provocativa - como a introdução de mais uma resolução - colocará em risco e potencialmente anulará os esforços consideráveis empreendidos pelo diretor-geral (da AIEA) e pelo Irã para avançar no diálogo e na cooperação", disse o Irã em uma declaração conjunta ao conselho com aliados como Rússia, China, Cuba e Belarus.

A AIEA e o Irã anunciaram um acordo em setembro que deveria preparar o caminho para inspeções e verificações completas, mas Teerã tem dito desde então que o acordo é nulo. A AIEA afirma que inspecionou a maioria das instalações nucleares no Irã "sem ser afetada" pelos ataques.

"Receio que a resolução tenha suas próprias consequências", disse o embaixador do Irã na AIEA, Reza Najafi, a jornalistas após a votação. Perguntado sobre quais seriam essas consequências, ele disse: "Anunciaremos as consequências mais tarde."

((Tradução Redação São Paulo, 55 11 56447753))

REUTERS AAJ

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