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Preço do couro no Brasil cai e desafia setor com exportação de US$1,25 bilhão

Reuters19 de set de 2025 às 17:55

Por Ana Mano

- Os preços do couro brasileiro caíram drasticamente na última década, ameaçando empregos e enfraquecendo a indústria nacional em relação aos concorrentes globais, de acordo com dados compilados pela Durli Leathers, um dos maiores produtores nacionais.

A pele avaliada em US$59 em 2014 agora vale cerca de US$5, mostraram os dados da Durli compartilhados apenas com a Reuters. Isso representa cerca de 0,5% do preço da cabeça de gado, versus 14% em 2014.

Os EUA e o Brasil, os maiores produtores de carne bovina do mundo, abatem, respectivamente, cerca de 30 milhões e 40 milhões de cabeças por ano, disse o CFO da Durli, Christiano Frizzo, em uma entrevista na sexta-feira.

O Brasil é eminentemente um exportador, disse ele, enviando ao exterior cerca de 80% de sua produção de couro não processado. No ano passado, as exportações brasileiras totalizaram US$ 1,25 bilhão, de acordo com dados compilados pelo Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB).

O forte lobby do setor petroquímico, que vende produtos à base de combustíveis fósseis rotulados como couro, os quais levam dez vezes mais anos para se decompor, contribuiu para a queda dos preços, disse Frizzo.

Outros fatores que deprimem os preços incluem um excesso de oferta global, uma queda geral nas vendas internacionais e o fato de o gado brasileiro ser criado em vastas pastagens abertas, tornando os animais mais expostos a doenças, observou ele.

Mas o uso crescente de dispositivos inovadores de rastreamento do gado, como os brincos, ajudará, disse Frizzo.

"Há muitas pessoas contra esses novos desenvolvimentos -- os brincos, a rastreabilidade (dos rebanhos)", disse Frizzo. "Eles acham que é apenas custo, mas, na verdade, isso poderia reverter a tendência de desvalorização do couro nos últimos anos."

A qualidade do couro do Brasil também tem sido um problema, pois a marcação a fogo do gado brasileiro acaba desvalorizando o produto.

"Cada marca pode ocupar até 5% da pele do animal", disse Sebastião Silva, presidente do Sindicato da Indústria de Curtimento e de Artefatos de Couro do Estado de Mato Grosso (Sincurt-MT). Como o gado brasileiro tende a ter mais de um proprietário ao longo de seu ciclo de vida, as marcas múltiplas depreciam ainda mais o valor da pele, disse ele.

(Reportagem de Ana Mano)

((Tradução Redação São Paulo 55 11 56447751)) REUTERS RS

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