Por Naveen Thukral e Ella Cao
CINGAPURA/PEQUIM, 29 Ago (Reuters) - Os importadores chineses de soja estão aumentando as compras da Argentina e do Uruguai no próximo ano para preencher a lacuna de fornecimento deixada pela ausência de embarques dos Estados Unidos, à medida que a guerra comercial se arrasta entre Washington e Pequim, de acordo com duas fontes comerciais.
Os processadores chineses podem comprar até 10 milhões de toneladas métricas de soja dos dois exportadores sul-americanos durante o ano comercial de 2025/26, que termina em agosto próximo, o que seria um recorde, disseram as fontes, um trader com sede em Cingapura de uma empresa internacional que vende soja para a China e uma segunda pessoa que comercializa soja para a China.
Eles já reservaram 2,43 milhões de toneladas da Argentina e do Uruguai para embarques de setembro a maio do próximo ano, disseram as fontes.
De setembro de 2024 a julho de 2025, a China importou 5 milhões de toneladas de soja dos dois países, de acordo com dados da Administração Geral de Alfândega.
O aumento da oferta dos dois produtores latino-americanos deve se somar às grandes importações do produto do Brasil pela China, desferindo outro golpe nos exportadores dos EUA, já que o maior importador de soja do mundo reduz sua dependência dos produtos agrícolas norte-americanos.
Com mais fornecedores de soja para a China, o país precisará de menos dos EUA, o que ajudará na guerra comercial, disse o trader com sede em Cingapura.
Este ano, a China não reservou nenhuma compra de soja dos EUA para embarque no quarto trimestre, que normalmente é o principal período de vendas para os EUA, pois os suprimentos recém-colhidos chegam ao mercado.
As duas maiores economias do mundo impuseram tarifas de importação que afetaram o comércio, principalmente de produtos agrícolas, como a soja.
Até meados de agosto, os compradores chineses haviam reservado 1,575 milhão de toneladas para carregamento em setembro da Argentina e do Uruguai, 660.000 toneladas para outubro e volumes menores de 66.000 toneladas cada para novembro, dezembro e maio de 2026, disseram os traders.
Desde a guerra comercial com a China no primeiro mandato do presidente dos EUA, Donald Trump, Pequim tem tomado medidas para reduzir sua dependência de produtos agrícolas americanos para reforçar sua segurança alimentar.
Os EUA forneceram 12% das importações agrícolas da China em 2024, abaixo dos 20% em 2016, enquanto o Brasil forneceu 22% no ano passado, acima dos 14% em 2016, de acordo com dados da alfândega chinesa.
O segundo trader disse que o aumento das importações da Argentina e do Uruguai se deve principalmente ao fato de a China não estar comprando grãos dos EUA e também porque ambos os países tiveram colheitas abundantes.
A safra de soja de 2024/25 da Argentina foi de 50,9 milhões de toneladas, segundo dados do Departamento de Agricultura dos EUA, acima das 48,2 milhões de toneladas do ano anterior e das 25 milhões de toneladas de 2022/23, quando uma seca severa reduziu a produção.
No Uruguai, a produção de soja foi de 4,2 milhões de toneladas no período de 2024/25, acima dos 3,3 milhões de toneladas de um ano atrás, segundo os dados do USDA.
((Tradução Redação São Paulo 55 11 56447751)) REUTERS RS