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COLUNA-Uma revolução silenciosa está acontecendo no setor de mineração: Andy Home

Reuters29 de ago de 2025 às 06:00

Por Andy Home

- O mundo vai precisar de muito cobre e outros metais essenciais se quiser abandonar os combustíveis fósseis. Mas será que a indústria de mineração conseguirá atender a essa demanda?

Os desafios são enormes. Os teores do minério nas minas de cobre existentes estão caindo constantemente, grandes descobertas estão se tornando mais raras e o tempo de desenvolvimento pode chegar a uma década.

Parte da solução é aumentar a eficiência do processo de mineração, que historicamente tem sido altamente poluente e desperdiçador.

DE VOLTA PARA O FUTURO

O mundo extraiu 650 milhões de toneladas métricas de cobre entre 1910 e 2010, mas 100 milhões de toneladas nunca chegaram ao mercado, de acordo com um artigo de pesquisa de 2020 do Instituto Fraunhofer da Alemanha.

Todo esse metal ainda está lá, em lagoas de rejeitos, um recurso potencialmente enorme esperando a tecnologia certa para desbloqueá-lo.

A Rio Tinto RIO.L já separou com sucesso metais críticos como escândio e telúrio (link) de fluxos de resíduos em operações existentes.

Outros agora estão procurando maneiras de extrair valor do vasto legado de atividades de mineração do passado.

A Hudbay Minerals HBM.TO, por exemplo, está avaliando (link) o potencial de remineração de rejeitos na mina de Flin Flon, em Manitoba, Canadá. A mina fechou em 2022, deixando para trás quase um século de rejeitos ricos em minerais.

A Cobalt Blue Holdings COB.AX da Austrália, que tem colaborado no projeto Flin Flon, também assinou um acordo (link) com o conselho municipal de Mount Isa, em Queensland, para explorar a reprocessamento de rejeitos de pirita como uma possível fonte alternativa de enxofre quando a fundição de cobre da cidade fechar.

Estes e muitos projetos semelhantes ainda estão apenas em fase conceitual ou piloto, mas a Hindustan Zinc HZNC.NS da Índia está aumentando sua escala com um investimento de US$ 438 milhões (link) compromisso de processar 10 milhões de toneladas por ano de rejeitos em sua mina Rampura Agucha, a maior mina de zinco do mundo.

MENOS RESÍDUOS

Enquanto os mineradores estão reavaliando coletivamente o valor dos resíduos legados, eles também estão descobrindo como produzir menos resíduos em primeiro lugar.

Isso traz vantagens econômicas e ambientais. A indústria de mineração gera atualmente mais de sete bilhões de toneladas de rejeitos por ano, e a quantidade está aumentando à medida que os teores do minério diminuem.

Grande parte do trabalho nesta área é de natureza incremental. A Glencore Technology, por exemplo, tem vindo a melhorar constantemente o seu ISAMill (link) moedor para processar partículas de tamanho cada vez mais grosso. O objetivo é reduzir a quantidade de minério moído para economizar água e reduzir o desperdício de rejeitos.

O Processo Albion da empresa (link) pois a lixiviação pode aumentar as taxas de recuperação de cobre para mais de 99% e reduzir os custos operacionais em até um terço, permitindo o desenvolvimento de corpos de minério complexos que não seriam viáveis com tecnologias tradicionais.

Outras, como a Allonnia, que se descreve como uma empresa de bioengenhosidade, são pioneiras em abordagens mais revolucionárias.

A tecnologia D-Solve da empresa usa micróbios para extrair seletivamente impurezas como magnésio de concentrados.

A Allonnia acaba de fazer parceria (link) com a mina de níquel Eagle, nos Estados Unidos, para uma unidade no local para pilotar uma tecnologia que, em testes de laboratório, pode melhorar os teores de níquel em 18% e reduzir as impurezas de magnésio em 40%.

A GRANDE TECNOLOGIA ENCONTRA A TECNOLOGIA ANTIGA

A nova tecnologia abrangente que pode unir todas essas inovações é a inteligência artificial(IA).

Grandes empresas como Rio Tinto e BHP já estão usando IA em sistemas de transporte autônomo e para prever o tempo de inatividade para manutenção em vez de reagir a falhas de equipamento.

A IA generativa é o próximo grande salto. A BHP BHP.AX a utiliza em combinação com a tecnologia "gêmeo digital", uma réplica virtual em tempo real do processo de mineração, em sua mina de cobre no sul da Austrália e na gigantesca mina Escondida, no Chile.

Os modelos GenAI em Escondida "informam estratégias de detonação e mistura de minério, identificam áreas de mina com características desafiadoras de minério e dão suporte à implementação do controle preditivo do modelo de moinho SAG", de acordo com a BHP (link).

A produtora de cobre dos EUA Freeport-McMoRan FCX.N fez parceria com o grupo de consultoria McKinsey para usar IA para aumentar a produção (link) em suas operações na América do Norte, que enfrentavam queda na produção devido a minas maduras e tecnologia de processo obsoleta.

A integração da mineração tradicional com a engenharia de dados permite ajustes em tempo real nas taxas de processamento para lidar com minérios variáveis. Quando a IA foi testada na mina de Bagdá, no Arizona, levou a um aumento de 5% a 10% na produção de cobre.

A implementação em outras operações americanas da empresa deverá aumentar a produção em 90.000 toneladas por ano.

Isso equivale a uma nova unidade de processamento, que custaria mais de US$ 1,5 bilhão e levaria de oito a dez anos para planejamento, construção e comissionamento.

MINERAÇÃO DO FUTURO

Dizem frequentemente que a mineração é um negócio sujo.

A prova disso são os bilhões de toneladas de lodo depositados em bacias de rejeitos ao redor do mundo. A consequência é a antipatia pública por novos projetos de mineração, um dos motivos pelos quais demora tanto para construir e comissionar uma nova.

A mineração também foi um negócio altamente ineficiente no passado. Muito valor mineral foi descartado como resíduo ou simplesmente deixado no solo porque não havia tecnologia para tratar minério de tão baixa qualidade.

Isso está mudando à medida que uma das indústrias mais antigas do mundo se moderniza rapidamente, combinando inovações no processamento tradicional com novas tecnologias, como bioengenharia e IA.

Esta é uma revolução silenciosa que está acontecendo em vários laboratórios, plantas piloto e centros de dados ao redor do mundo.

Mas a promessa é de um setor muito mais limpo e eficiente, o que pode significar que o mundo não ficará sem cobre, afinal.

As opiniões expressas aqui são do autor, colunista da Reuters.

Aviso legal: as informações fornecidas neste site são apenas para fins educacionais e informativos e não devem ser consideradas consultoria financeira ou de investimento.

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