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Exportação de café do Brasil recua em julho; indústrias dos EUA pedem adiamento de embarques

Reuters12 de ago de 2025 às 20:43

- A exportação de café verde do Brasil recuou 28,1% em julho ante o mesmo mês do ano passado, para 2,45 milhões de sacas de 60 kg, à medida que o setor lidava com estoques reduzidos e uma safra sem excedentes, apontou nesta terça-feira o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).

O Brasil, maior produtor e exportador de café do mundo, embarcou 1,98 milhão de sacas de grãos arábica no mês passado, uma queda de 20,6% em relação ao ano anterior, enquanto as exportações de cafés canéforas (robusta/conilon) caíram quase 49%, para cerca de 461 mil sacas, mostraram os dados.

Considerando o produto industrializado, o país embarcou 2,733 milhões de sacas de 60 kg do produto em julho, primeiro mês do ano safra 2025/26, queda de 27,6% na comparação com o mesmo período de 2024, segundo o conselho.

Já a receita cambial foi recorde para meses de julho, com o ingresso de US$1,033 bilhão, crescimento de 10,4% no comparativo anual, afirmou o Cecafé.

O conselho de exportadores destacou ainda que não houve impactos do tarifaço de 50% do governo dos EUA contra o Brasil nas exportações de julho, até porque as tarifas passaram a vigorar em 6 de agosto.

Mas o presidente do Cecafé, Márcio Ferreira, disse que as indústrias americanas estão em compasso de espera e buscam soluções para a questão tarifária, que impacta o principal consumidor global de café, os EUA, e também o maior fornecedor, o Brasil.

Ele disse que o setor de café dos EUA tem estoque para 30 a 60 dias, "o que gera algum fôlego para aguardarem um pouco mais as negociações em andamento".

Mesmo assim, ressaltou Ferreira, os exportadores brasileiros vêm recebendo pedidos de adiamento de embarques, enquanto os importadores visam evitar as tarifas, em caso de uma negociação bem-sucedida.

"O que já visualizamos são eventuais pedidos de prorrogação, que são extremamente prejudiciais ao setor", afirmou ele, em nota.

Ele explicou que esse problema acontece porque adiantamentos sobre contrato de câmbio (ACC) -- instrumento geralmente fechado quando o exportador realiza o negócio -- determinam um tempo para o cumprimento do compromisso de exportação.

"Com a prorrogação dos negócios, o ACC não é cumprido e passamos a sofrer com mais juros, com taxas altas, e custos adicionais, com overhead, por exemplo", declarou.

Ferreira comentou que o "prejuízo fica ainda maior" quando se analisa a estrutura do mercado internacional, que se apresenta invertida, com os contratos futuros mais distantes depreciados em relação aos mais próximos.

ACUMULADO DO ANO

Os Estados Unidos seguem como o maior comprador dos cafés do Brasil no acumulado do ano até julho, com a importação de 3,713 milhões de sacas, o que corresponde a 16,8% dos embarques totais.

Apesar de esse volume representar declínio de 17,9% na comparação com o período de janeiro a julho de 2024, ele fica acima dos 16% de representatividade aferidos no mesmo intervalo do ano passado, disse o Cecafé.

Para todos os destinos, a exportação de café do Brasil no acumulado do ano recuou 21,4% na comparação com o mesmo período do ano passado para 22,150 milhões de sacas. O país exportou um volume recorde em 2024.

A receita cambial, por sua vez, cresceu 36% ante o obtido entre janeiro e o fim de julho de 2024, alcançando o recorde para o período de US$8,555 bilhões, graças a preços mais altos.

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