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Política de biodiesel de Trump pode custar caro para empresas e consumidores, dizem grupos comerciais

Reuters1 de ago de 2025 às 18:42

Por Stephanie Kelly e Jarrett Renshaw

- A pressão do governo Trump para desencorajar o uso de matérias-primas estrangeiras no biodiesel nacional pode levar a preços mais altos de energia para os consumidores dos EUA e restringir a produção nacional, de acordo com alguns grupos comerciais.

A advertência reflete o atrito contínuo entre a Agência de Proteção Ambiental (EPA) do Presidente Donald Trump e os aliados tradicionais do governo nos setores de energia e agricultura em relação à política de biocombustíveis.

Trump prometeu reduzir os custos de energia para o consumidor, mas também está tentando levar adiante sua agenda America First para apoiar a produção doméstica por meio do protecionismo comercial -- o que, em vez disso, pode fazer com que os custos aumentem.

O que está em questão é uma proposta da EPA de junho que, pela primeira vez, alocaria apenas metade dos créditos de combustível renovável negociáveis para o biodiesel que é importado ou produzido com matérias-primas estrangeiras.

De acordo com o Padrão de Combustível Renovável, as refinarias devem misturar grandes volumes de biocombustíveis ao suprimento de combustível dos EUA ou comprar os créditos, chamados RINs, daqueles que o fazem.

Embora tenha o objetivo de ajudar os agricultores e produtores nacionais, a nova proposta -- que deverá ser finalizada no outono no Hemisfério Norte -- colocaria uma demanda sem precedentes nas matérias-primas nacionais necessárias para a produção de biodiesel, como óleo de soja, óleo de cozinha usado e gordura animal, em um mercado que atualmente precisa buscar no exterior para atender às suas necessidades.

Enquanto isso, a restrição do número de RINs que podem ser gerados por meio dessas importações aumentará os preços dos créditos, com um possível impacto indireto sobre o diesel e o óleo para aquecimento doméstico, de acordo com os grupos do setor.

"Essa restrição de crédito (...) colocará em risco a viabilidade econômica dos ativos de produção de combustível renovável e aumentará os custos gerais de conformidade para todas as partes obrigadas, o que, em última análise, prejudica os consumidores dos EUA", disse Chet Thompson, chefe do grupo American Fuel and Petrochemical Manufacturers, que representa as refinarias, em uma carta de 25 de julho aos principais legisladores republicanos.

A Advanced Biofuels Association (Associação de Biocombustíveis Avançados) também disse que a política poderia significar um aumento nos custos para o consumidor, colocando um prêmio de US$250 por tonelada métrica sobre as matérias-primas nacionais em comparação com as importadas, de acordo com um estudo encomendado por ela.

"A análise econômica mostra que isso imporia custos significativos às biorrefinarias dos EUA, aumentaria os preços dos combustíveis para milhões de americanos e beneficiaria apenas um conjunto restrito de partes interessadas", disse o presidente da ABFA, Michael McAdams, em um comunicado.

A Casa Branca e a EPA se recusaram a comentar diretamente sobre as preocupações com os preços, dizendo que o governo ainda está buscando comentários públicos sobre a proposta até 8 de agosto.

Outros membros do setor de biocombustíveis apoiaram a proposta.

"Os agricultores americanos precisam de toda a demanda possível. Deveríamos estar desenvolvendo nossa capacidade aqui, em vez de depender de óleo de cozinha usado importado da China ou dar às matérias-primas brasileiras um tratamento preferencial às custas dos produtores americanos e de seus parceiros agrícolas", disse Emily Skor, CEO da Growth Energy.

No entanto, empresas americanas como a ADM ADM.N, a Bunge BG.N e a Cargill, que têm ativos globais e processam soja dos EUA, bem como empresas estrangeiras com operações significativas nos EUA, provavelmente sofrerão efeitos negativos.

Isso inclui a australiana Nufarm NUF.AX, que faz contratos com agricultores da América do Sul para cultivar novas sementes oleaginosas.

NÚMEROS INCERTOS

O setor de biocombustíveis não estava buscando a mudança de importação na proposta de junho da EPA, de acordo com vários lobistas de combustíveis renováveis e funcionários de empresas.

Desde então, a Casa Branca realizou várias reuniões com funcionários do setor para ouvir sobre as possíveis consequências não intencionais das mudanças, de acordo com várias fontes.

A proposta da EPA em junho tinha o objetivo de definir os mandatos de mistura de biocombustíveis para os próximos dois anos.

Ela incluía uma cota de 7,12 bilhões de RINs de diesel à base de biomassa para 2026 -- uma medida do número de créditos negociáveis gerados pela mistura do combustível -- e projetava que esse mandato levaria à mistura de 5,61 bilhões de galões.

O setor de biocombustíveis e o American Petroleum Institute, um grupo de comércio de petróleo, tinham se unido para pressionar o governo a definir mandatos de diesel à base de biomassa para pelo menos 5,25 bilhões de galões. O mandato foi de apenas 3,35 bilhões de galões em 2025.

Ainda assim, há cenários na contabilidade da EPA que poderiam levar a um resultado de volume menor.

Se todo o biodiesel e o diesel renovável usados nos EUA no próximo ano forem provenientes de matérias-primas nacionais, por exemplo, o mandato RIN renderia apenas 4,45 bilhões de galões, de acordo com várias análises do setor analisadas pela Reuters.

A eliminação da penalidade sobre as matérias-primas importadas poderia ajudar a aumentar esse número, de acordo com as análises.

"Isso provavelmente se alinha com o que o governo estava tentando fazer em termos de apoio ao lado agrícola e aos agricultores", disse um analista do setor, que pediu para permanecer anônimo para falar com franqueza.

((Tradução Redação São Paulo 55 11 56447751)) REUTERS RS

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