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Produtoras de petróleo do Brasil suspendem exportações aos EUA diante de tarifas, diz IBP

Reuters30 de jul de 2025 às 18:52

Por Marta Nogueira

- As companhias do setor de petróleo do Brasil suspenderam as exportações aos Estados Unidos e estão estocando o produto em navios diante da incerteza se a commodity será taxada pelos norte-americanos em 50% a partir de sexta-feira, disse à Reuters o presidente do Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP), Roberto Ardenghy, nesta quarta-feira.

O petróleo é o principal produto da pauta de exportação do Brasil aos Estados Unidos. Antes do anúncio tarifário de Donald Trump contra o Brasil, o produto estava isento da tarifa de 10% aplicada neste ano para as exportações brasileiras aos EUA.

Mas não está claro, segundo o representante do IBP, se a commodity permanecerá isenta da nova tarifa de 50% que será imposta sobre as exportações do Brasil a partir de agosto.

"Ainda não sabemos realmente (se a taxa de 50% incidirá sobre o petróleo). Da outra vez (aquela dos 10%) nós não fomos incluídos, mas desta vez não temos como saber", afirmou o presidente do IBP, que representa as petroleiras no Brasil, como Petrobras PETR4.SA, Shell SHEL.L, TotalEnergies TTEF.PA, ExxonMobil XOM.N e Equinor EQNR.OL.

"Os negócios com cargas que têm de sair do Brasil para os Estados Unidos estão suspensos", disse Ardenghy.

Enquanto estão em compasso de espera, as petroleiras estão armazenando petróleo nas próprias plataformas de produção ou em navios próprios maiores, afirmou.

Ardenghy explicou ainda que a data considerada para a eventual cobrança de tarifas seria a da chegada na alfândega do porto nos EUA. Dessa forma, o envio de cargas está suspenso desde a época do anúncio da nova tarifa, em 9 de julho, uma vez que o tempo estimado de uma carga sair do Brasil e chegar nos portos americanos é de 21 dias.

Ele ponderou, no entanto, que algumas cargas que já estavam no mar podem ter sido desviadas para chegarem antes da data válida para as tarifas.

O presidente do IBP reiterou que o petróleo brasileiro, por ser de baixo teor de enxofre e CO2, é muito valorizado no mercado. Disse que as empresas encontrarão outros destinos, caso não haja isenção.

"Europa e Índia são os mercados que certamente vão substituir os Estados Unidos caso a tarifa seja imposta. Mas, por enquanto, tudo em compasso de espera, esperando o que virá dia 1º de agosto", completou.

Em 2024, o Brasil exportou um total de 1,78 milhão de barris por dia (bpd), sendo que 243 mil bpd foram destinados aos EUA, segundo dados do governo compilados pela consultoria StoneX. Em termos de receita, as vendas de petróleo do Brasil ao exterior somaram US$44,96 bilhões, sendo US$5,83 bilhões ao país norte-americano.

Já a Petrobras, maior produtora de petróleo do Brasil, tem uma exposição menor.

A companhia publicou na terça-feira que os EUA representaram 8% de suas exportações no segundo trimestre, contra 5% no mesmo período de 2024 e 4% no primeiro trimestre deste ano.

Especialistas afirmaram à Reuters anteriormente que o Brasil tem flexibilidade logística e comercial para preservar a competitividade do seu petróleo no mercado internacional, caso a commodity brasileira não seja isenta das novas tarifas.

A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, disse à Reuters em meados do mês que poderia redirecionar o petróleo que vende para os Estados Unidos, enviando mais cargas para os mercados da Ásia e da Ásia-Pacífico devido às tarifas mais altas anunciadas pelos EUA sobre o Brasil.

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