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EUA devem se opor à recomendação sobre SAF que favoreceria etanol de milho do Brasil

Reuters17 de jun de 2025 às 13:30

Por Allison Lampert e Oliver Griffin

- Os Estados Unidos devem se opor este mês a uma recomendação do conselho da agência de aviação da ONU que, segundo Washington, favorece injustamente os produtores de milho brasileiros em detrimento dos produtores norte-americanos no desenvolvimento de combustível verde para aviões (SAF), disseram à Reuters duas fontes familiarizadas com o assunto.

Uma das fontes disse que as discussões poderiam ser resolvidas por meio de um acordo. Ainda assim, os produtores brasileiros de etanol de milho alertaram que um desacordo poderia minar a confiança global na certificação de combustíveis de aviação sustentáveis.

As transportadoras globais, que têm como meta a emissão líquida zero até 2050, estão sendo pressionadas a trocar o querosene por alternativas mais limpas, porém caras, feitas de materiais como resíduos ou óleo de cozinha.

A Associação Internacional de Transporte Aéreo estima o custo de longo prazo da transição ecológica do setor de aviação em US$4,7 trilhões.

Atualmente, a produção global de combustível sustentável de aviação (SAF) é responsável por menos de 1% do uso total de combustível de aviação do setor.

Mas os produtos que podem produzir combustível com menos emissões devem encontrar mercados em crescimento devido às cotas europeias nos aeroportos, aos incentivos fiscais e às metas globais.

Com a produção de milho dos EUA ultrapassando a demanda doméstica, os agricultores e produtores de etanol do Meio-Oeste disseram que estão tentando reduzir as emissões envolvidas na produção e comercialização do etanol de milho para novos mercados, como o de combustível verde para aviação.

Por exemplo, alguns produtores de etanol dos EUA sugeriram o uso de tecnologia de captura de carbono.

A Associação de Produtores de Milho de Iowa, que apoia projetos de captura e sequestro de carbono para reduzir as emissões, disse que o Brasil já tem uma pontuação de carbono mais baixa para o etanol de milho do que os EUA, o que daria ao país sul-americano uma vantagem para atender à demanda das companhias aéreas.

Em março, o Departamento de Estado dos EUA fez objeções a uma recomendação de um painel técnico da Organização da Aviação Civil Internacional (ICAO, na sigla em inglês), que propôs critérios para o SAF.

Os EUA argumentaram que a recomendação favorece injustamente o Brasil em detrimento do resto do mundo, pois atribuiria uma pontuação de carbono mais baixa ao cultivo múltiplo, ou seja, quando duas ou mais culturas, como milho e soja, são cultivadas na mesma área, uma prática comum no país sul-americano.

A recomendação está sendo apresentada ao conselho de 36 membros da ICAO para análise antes da assembleia trienal da agência global. A organização não pode impor regras aos Estados membros, mas os países que aprovam os padrões e a orientação da agência geralmente os cumprem.

O Departamento de Estado dos EUA não quis comentar. O Ministério da Agricultura do Brasil reconheceu que recebeu perguntas da Reuters, mas não respondeu. A ICAO, sediada em Montreal, não estava disponível para comentar o assunto.

No Brasil, onde se prevê que a produção anual de etanol de milho quase dobrará para cerca de 16 bilhões de litros até 2032, a associação de produtores Unem disse à Reuters que as recomendações do Comitê de Proteção Ambiental da Aviação (CAEP) da ICAO devem ser isentas de política.

"Qualquer tentativa de interferência política enfraqueceria não apenas o processo decisório, mas também a confiança da comunidade internacional no sistema de certificação de combustíveis sustentáveis de aviação", disse Bruno Alves, diretor de relações institucionais e sustentabilidade da Unem.

"A Unem considera essencial que este processo técnico e transparente seja respeitado e preservado. Tentativas de deslegitimar ou politizar seus resultados seriam extremamente graves."

(Reportagem de Allison Lampert em Montreal e Oliver Griffin em São Paulo)

((Tradução Redação São Paulo 55 11 56447751)) REUTERS RS

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