Por Andy Home
LONDRES, 4 Jun (Reuters) - É um momento difícil para ser um produtor de lítio, pois o metal leve está afundando sob o peso do excesso de oferta.
Os preços do hidróxido de lítio LTHc1 caíram 90% em relação ao pico de 2022 e não mostram sinais de recuperação.
Vários produtores estão operando com margens zero ou negativas, de acordo com a consultoria Wood Mackenzie. Até mesmo gigantes como a Albemarle ALB.N, a maior produtora mundial do metal para baterias, vêm cortando custos e adiando novos projetos. (link) para resistir à tempestade de suprimentos.
A Rio Tinto RIO.L, no entanto, não se deixa abater. A mineradora global permanece "consistente em sua crença nas perspectivas de longo prazo para o lítio".
A empresa está investindo onde diz, comprando (link) Produtor Arcadium, com sede nos EUA, por US$ 6,7 bilhões e parceria (link) com entidades estatais chilenas em dois projetos.
É uma grande aposta, dado o atual desânimo do mercado, mas Rio acredita que a demanda será forte o suficiente para absorver o excesso atual e levar o mercado ao déficit na virada da década.
É uma aposta que o lítio continuará sendo o metal dominante para baterias em um cenário em rápida mudança.
PREÇO BAIXO, ALTA DEMANDA
A fraqueza no preço do lítio é resultado do excesso de oferta nova chegando ao mercado ao mesmo tempo.
A produção global de lítio cresceu mais de 35% em relação ao ano anterior em 2024, de acordo com a Agência Internacional de Energia(AIE). Novas minas ainda estão sendo construídas e os participantes chineses demonstram pouca disposição para cortar a produção.
O tsunami de oferta, no entanto, mascara a força da demanda por lítio. A AIE estima que o uso global cresceu 30% no ano passado, um aumento equivalente ao tamanho de todo o mercado global em 2018.
O veículo elétrico(Veículo elétrico) O setor, o maior usuário de baterias de íons de lítio, apresenta uma saúde sólida. As vendas de veículos de nova energia aumentaram 25% no ano passado e 29% no primeiro trimestre deste ano, de acordo com a consultoria Rho Motion.
O uso de lítio em sistemas de armazenamento de energia está crescendo ainda mais rápido (link) à medida que os sistemas de energia globais se voltam para fontes de energia mais limpas, mas intermitentes, como a solar e a eólica.
A Rio Tinto disse que espera que a demanda cresça a uma taxa anual composta de mais de 10% até 2040.
METAL DOMINANTE
A principal ameaça a esse cenário seria uma mudança na química das baterias, à medida que os fabricantes competem para produzir baterias cada vez mais baratas e eficientes.
Já houve uma grande mudança no uso de metais mais caros para baterias, como cobalto e níquel, mas até o momento o lítio tem mantido seu status como ingrediente dominante na composição química.
A quantidade de níquel e cobalto utilizada em veículos de nova energia aumentou apenas 12% e 2%, respectivamente, em março, em relação ao mesmo período do ano anterior, de acordo com a Adamas Intelligence. Já a utilização de lítio aumentou 30%, acompanhando a taxa geral de crescimento das vendas de veículos elétricos.
A batalha pelos materiais das baterias, no entanto, está longe de terminar.
A gigante chinesa CATL 300750.SZ tem sido pioneira no desenvolvimento de baterias de íons de sódio. A mais recente versão, Naxtra (link), quase igualará em eficiência o fosfato de ferro e lítio(LFP) baterias que estão substituindo níquel-manganês-cobalto(NCM) químicas.
O bilionário fundador da CATL, Robin Zeng, prevê que as baterias de íons de sódio podem substituir até metade do mercado de baterias LFP.
A AIE está menos certa, observando que as baterias de íons de sódio são mais competitivas em um ambiente de altos preços de lítio, o que certamente não acontece no atual.
O baixo preço do lítio pode ser sua melhor defesa para enfrentar os desafios de outros materiais.
Isso também está causando a queda dos preços das baterias, tornando os veículos de energia nova mais baratos.
ACELERADOR DE MERCADO
Os preços médios das baterias caíram 20%, atingindo uma baixa recorde de US$ 115 por quilowatt-hora em 2024, a maior queda anual desde 2017, de acordo com a AIE.
A participação das matérias-primas catódicas no preço das baterias caiu de mais de 20% em 2023 para 10% em 2024, devido aos preços exorbitantes em todo o espectro de metais para baterias.
A mudança para baterias LFP no mercado chinês também desempenhou um papel significativo na redução de custos, já que elas são 30% mais baratas do que as baterias NCM populares nos mercados ocidentais.
As montadoras europeias já tomaram nota. A Volkswagen VOWG.DE está adotando a tecnologia LFP (link) já que visa um nível de entrada de 20.000 euros (link) carro elétrico para o mercado europeu.
O preço tem sido um dos principais impedimentos para os consumidores optarem por veículos elétricos, mas a diferença em relação aos veículos convencionais está diminuindo.
Em termos de vendas de veículos elétricos, as forças de mercado são um poderoso contraponto aos obstáculos impostos pelas tarifas e à rejeição da agenda de energia verde de seu antecessor pelo presidente dos EUA, Donald Trump.
APOSTA SEGURA
A coroa de metal da bateria de lítio parece segura por enquanto.
Mesmo supondo que as baterias de íons de sódio comecem a ganhar participação de mercado na China, o impacto sobre o lítio será mitigado por uma aceleração na revolução global dos veículos elétricos e pela crescente demanda por soluções de armazenamento em rede.
Além disso, a AIE destaca que, apesar do interesse em novas químicas, o principal impulsionador da inovação em baterias continua sendo a química convencional baseada em lítio. Melhorias incrementais estão sendo feitas constantemente, tanto nas tecnologias NCM quanto LFP.
A demanda por lítio já está crescendo de forma fenomenal e tudo indica que continuará assim nos próximos anos.
Mas o tempo que levará até que a força da demanda se transforme em déficit de mercado e preços mais altos dependerá da duração do atual aumento da oferta.
Não prenda a respiração. Pode demorar um pouco.
As opiniões expressas aqui são do autor, colunista da Reuters.