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Venda de ativos da Imcopa ameaçada por disputas judiciais

Reuters30 de mai de 2025 às 18:32

Por Ana Mano

- Uma disputa sobre o controle da processadora de soja brasileira Imcopa, que está em recuperação judicial, ameaça inviabilizar um leilão judicial de suas duas fábricas no Sul do Brasil, que já haviam atraído o interesse de grandes tradings de grãos como Bunge BG.N e Cargill.

A R2C Investimentos, uma gestora de ativos que indicou membros da antiga administração da Imcopa, está questionando o que chamou de "irregularidades" relacionadas ao leilão, marcado pare 3 de julho. A gestora prometeu, em um comunicado, alertar os possíveis compradores sobre "as ilegalidades do processo competitivo".

Um advogado da Cervejaria Petrópolis, cujo proprietário adquiriu a maior parte da dívida da Imcopa por meio de veículos de investimento no Brasil e no exterior, disse que o litígio em andamento em múltiplas jurisdições não deve afetar o leilão, que visa arrecadar cerca de R$1,7 bilhão.

O certame representa a mais recente tentativa de vender as duas plantas de esmagamento da Imcopa, localizadas perto de regiões produtoras de soja e do porto de Paranaguá.

Trata-se de uma rara oportunidade de aquisição no Brasil, o maior produtor mundial de soja e um dos principais exportadores de farelo de soja. Entretanto, os riscos jurídicos inerentes ao negócio e as atuais margens negativas de esmagamento no Brasil podem manter os compradores afastados.

Em fevereiro de 2020, a Bunge fez a única oferta pelas duas fábricas da Imcopa, que têm capacidade de esmagamento anual de 1,5 milhão de toneladas métricas de soja e são especializadas no processamento de grãos não-transgênicos. O leilão foi realizado através de uma vara de falências do Paraná, onde a recuperação judicial da Imcopa tramita deste 2013.

O negócio com a Bunge foi desfeito em 2021 em meio a prolongadas batalhas judiciais envolvendo a Cervejaria Petrópolis, que tinha um contrato de arrendamento para operar as fábricas na época.

A Bunge, que nunca assumiu o controle dos ativos, não quis comentar.

Em 2023, a Cargill informou ao juízo da recuperação sobre seu potencial interesse nos ativos da Imcopa, buscando esclarecimentos sobre os passivos envolvidos, segundo documentos vistos pela Reuters na época, mas o negócio não se concretizou.

A Cargill se recusou a comentar sobre o novo leilão da Imcopa.

Após a tentativa fracassada de aquisição pela Bunge, ela manteve um acordo com a Cervejaria Petrópolis para fornecer soja à Imcopa em troca de produtos acabados. O advogado da cervejaria disse que esse acordo expirou no ano passado, quando as duas fábricas foram paralisadas para manutenção.

A Cervejaria Petrópolis administra a Imcopa desde março de 2024, quando a vara de falências lhe deu o controle após uma investigação criminal cujos alvos incluíam ex-executivos da Imcopa, disse a cervejaria na época.

O caso criminal, ainda em andamento, está sob segredo de Justiça. A R2C negou qualquer irregularidade envolvendo a antiga administração da Imcopa.

(Reportagem de Ana Mano)

((Tradução Redação São Paulo 55 11 56447751)) REUTERS RS

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