PEQUIM/MADRID, 11 Abr (Reuters) - O Presidente Xi Jinping disse ao primeiro-ministro espanhol, esta sexta-feira, que China e UE devem unir-se na defesa da globalização e opôr-se a "actos unilaterais de intimidação", num claro golpe às políticas tarifárias do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Xi, nos seus primeiros comentários públicos sobre a questão desde que Trump lançou a sua ofensiva tarifária na semana passada, disse que não poderia haver "vencedores" em qualquer guerra comercial e disse que a UE tinha um papel fundamental a desempenhar para garantir a estabilidade económica global.
O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, disse que China e Estados Unidos precisam de manter conversações para acalmar a situação e apelou a uma relação mais equilibrada entre Pequim e a UE de 27 países, que tem os seus próprios problemas comerciais com a China.
"A China sempre considerou a UE como um pólo importante num mundo multipolar e é um dos principais países que apoiam firmemente a unidade e o crescimento da UE", disse Xi a Sánchez, durante as conversações em Pequim, segundo a agência noticiosa Xinhua.
"China e UE devem cumprir as suas responsabilidades internacionais, salvaguardar conjuntamente a tendência da globalização económica e o ambiente do comércio internacional, e opôr-se conjuntamente a actos unilaterais de intimidação", acrescentou Xi.
Numa reviravolta impressionante, Trump disse, na quarta-feira, que iria reduzir temporariamente as pesadas taxas que acabara de impor a dezenas de países, incluindo aos UE-27, mas aumentou ainda mais as tarifas sobre as importações chinesas para mais de 145%, escalando um confronto de alto risco entre Washington e Pequim.
A China retaliou com a imposição de direitos aduaneiros de 125% sobre as importações norte-americanas.
Nas suas conversações com Sanchez, Xi falou da capacidade da China e da UE, respectivamente a segunda e a terceira maiores economias do mundo, de contrariar as tarifas de Trump.
A viagem de Sanchez a Pequim, a sua terceira em tantos anos, tem como objectivo estreitar os laços económicos e políticos com a China, por entre consequências globais da política tarifária de Trump, procurando posicionar Espanha como um interlocutor entre China e UE e atrair mais investimento chinês.
As autoridades espanholas rejeitaram um aviso dos Estados Unidos de que aproximar-se do país asiático seria "cortar a própria garganta".
"Acreditamos que há oportunidades para aprofundar as relações, mas é importante que a China se mostre sensível às exigências europeias de relações mais equilibradas", disse Sanchez, referindo-se ao défice comercial da UE com Pequim, que, no ano passado, ultrapassou os 300 mil milhões de dólares.
A UE descreve a China como um "parceiro de cooperação, um concorrente económico e um rival sistémico".
Texto integral em inglês: nL2N3QP07M