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DIA DE NEGOCIAÇÃO-Aumento das ações mundiais, com a perspectiva de corte do Fed

Reuters12 de ago de 2025 às 21:00

Por Jamie McGeever

- DIA DE NEGOCIAÇÃO

Entendendo as forças que impulsionam os mercados globais

Por Jamie McGeever, Colunista de Mercados

As ações de todo o mundo atingiram novas máximas (link) na terça-feira, com os investidores apostando que a inflação dos EUA (link) está moderada o suficiente para abrir caminho para um corte na taxa de juros no próximo mês, embora permaneçam preocupados com a pressão que o presidente Donald Trump continua a exercer sobre o Fed e outras instituições dos setores público e privado.

Mais sobre isso a seguir. Em minha coluna de hoje, analiso as moedas latino-americanas (link) e pergunto se seu atraente "carry" será suficiente para sustentar seu notável desempenho superior até agora neste ano.

Se você tiver mais tempo para ler, aqui estão alguns artigos que recomendo para ajudá-lo a entender o que aconteceu nos mercados hoje.

  1. Trump avalia ação judicial contra Powell, do Fed, sobre reformas, diz Casa Branca (link)

  2. Trump repreende Solomon, do Goldman, e a pesquisa econômica do banco sobre o impacto das tarifas (link)

  3. Trump escolhe Antoni, economista da Heritage, para liderar a agência de estatísticas do trabalho dos EUA (link)

  4. A startup de IA Perplexity faz uma ousada oferta de US$ 34,5 bilhões pelo navegador Chrome do Google (link)

  5. Os títulos do Treasury cochilaram durante o verão: Mike Dolan (link)


Principais movimentos do mercado de hoje

  • CÂMBIO: Dólar enfraquece (link) 0,5% com o fortalecimento das apostas de corte da taxa do Fed.

  • AÇÕES: Novos máximos para o Nikkei 225 (link) e o TOPIX (link) do Japão, o ASX da Austrália, o S&P 500, o Nasdaq e o MSCI All Country benchmarks. Índice Russell 2000 U.S. small caps +3%, melhor dia desde maio.

  • AÇÕES/SETORES: Todos os 11 setores do S&P 500 sobem, liderados por comunicações +1,8%. Companhias aéreas dos EUA voam (link): United +10%, Delta +9%. Softbank do Japão (link) +7%, elevando os ganhos da semana passada para ~30%.

  • TÍTULOS: Os rendimentos do Treasury caem 3 bps na ponta curta e sobem até 4 bps na ponta longa. Curva mais acentuada em um mês.

  • COMMODITIES: O petróleo cai (link), os futuros do WTI caíram 1,2% para US$ 63/bbl. Questões de demanda e oferta em jogo, os comerciantes também estão de olho na reunião Trump-Putin (link) no Alasca na sexta-feira.

Pontos de discussão de hoje:

* Fraqueza na ponta longa do mercado de títulos dos EUA e inclinação da curva de rendimento. Motivos? Inquietação com a aparente certeza de um corte nas taxas no próximo mês, aprofundando a preocupação com a credibilidade e a independência do Fed diante da pressão de Trump sobre o presidente Jerome Powell. Sobre os possíveis substitutos de Powell, James Bullard (link) e Stephen Miran (link) enfatizaram na terça-feira que a independência do Fed é de suma importância.

* Aumento do desconforto em relação à interferência de Trump na arena econômica. Ele intensificou seus ataques verbais a Powell por não cortar as taxas e está considerando um processo (link) contra ele relacionado a reformas na sede do Fed em Washington. Ele demitiu (link) o comissário do Bureau of Labor Statistics, pediu a renúncia do presidente-executivo da Intel (link) e, na terça-feira, atacou o presidente-executivo e economista-chefe do Goldman Sachs (link) pela análise do banco sobre o impacto das tarifas.

* Outra onda de alta nas BOLSA EUA e do mundo, que elevou muitos índices de referência a novos máximos. Com a guerra comercial de Trump em pausa (link) e a temporada de lucros se encerrando, o otimismo relacionado à IA e as esperanças de cortes nas taxas são ressaltados pela oferta não solicitada de US$ 34,5 bilhões em dinheiro da Perplexity AI (link) para o navegador Chrome da Alphabet e o relatório de inflação do IPC em linha de julho.

As moedas latino-americanas em alta podem ter dificuldades para continuar

Como o presidente dos EUA, Donald Trump, alterou muitas normas econômicas globais este ano, os investidores enfrentaram várias oscilações contraintuitivas, incluindo a queda do dólar e as altas recordes do bitcoin e das BOLSA EUA.

Agora podemos acrescentar mais um item a essa lista: o desempenho excepcional das moedas latino-americanas em relação ao dólar.

No início do ano, acreditava-se que o peso mexicano seria particularmente vulnerável às tarifas iminentes dos EUA, e esperava-se que as preocupações fiscais internas limitassem a alta do real brasileiro.

Porém, na semana passada, um índice que acompanha as moedas da região em relação ao dólar, o International EM Latin America Currency Index do MSCI, atingiu o nível mais alto desde seu lançamento em 2009, elevando seus ganhos acumulados no ano para 20%.

Para fins de comparação, o índice de moedas EM asiáticas do MSCI e os índices globais de moedas EM atingiram seu pico no início de julho, mas seus ganhos acumulados no ano naquela época eram de apenas 7%. E ambos recuaram desde então.

Os analistas do Bank of America estimam que as moedas latino-americanas tenham se valorizado mais de 5% este ano em termos reais, passando de 3,2% subvalorizadas para 2,2% supervalorizadas em relação às médias da última década.

O que explica esse desempenho superior? E, talvez mais importante, isso pode continuar?

CONTINUAR

Obviamente, o preço foi um dos principais catalisadores aqui. Muitas dessas moedas estavam simplesmente baratas no início do ano. Tanto o real brasileiro quanto o peso mexicano se desvalorizaram cerca de 20% no ano civil de 2024.

Mas o principal fator é o "carry", o diferencial de rendimento e taxa de juros em relação ao dólar dos EUA. Em termos nominais e ajustados pela inflação, o carry na América Latina está entre os mais altos do mundo, graças aos custos de empréstimos no México e, principalmente, no Brasil.

A taxa Selic de referência do banco central brasileiro é de impressionantes 15% e, mesmo levando em conta a inflação acima da meta, as taxas reais e os rendimentos dos títulos ainda estão próximos de 10%. O banco central do México pode ter reduzido as taxas em 325 pontos-base no ano passado, mas sua taxa de juros ainda é mais de 330 pontos-base superior à taxa dos fundos federais dos EUA.

Quando se leva em conta a liquidez dessas duas moedas em relação à maioria de suas contrapartes dos mercados emergentes, pode-se ver por que os investidores estrangeiros se voltaram para elas. O real subiu 14% em relação ao dólar este ano, e o peso subiu 12%. Até mesmo o peso colombiano, que enfrenta os ventos contrários de uma nova onda de violência política interna e incerteza, subiu 10% este ano.

Citando o alto carry real, os analistas do UBS e do Barclays permanecem positivos em relação às moedas dos mercados emergentes, incluindo as duas maiores da América Latina. Isso se deve, em parte, ao fato de que é provável que a diferença em relação às taxas dos EUA persista, especialmente no Brasil, mesmo que as taxas locais caiam, uma vez que o Fed também poderá, em breve, flexibilizar sua política.

REPENSAR

No entanto, o potencial de alta na segunda metade do ano deve ser limitado, justamente por causa dos grandes ganhos nos primeiros seis meses.

Os títulos públicos em moeda local de mercados emergentes tiveram um retorno de 12% em termos de dólares este ano, enquanto as ações de ME subiram 16%, superando os títulos em moeda forte (+7%), os títulos corporativos dos EUA (+5%), os títulos do Treasury dos EUA (+4%) e as BOLSA EUA (+8%), de acordo com o Bank of America.

"Essa forte recuperação está levando muitos investidores a reavaliar sua exposição a taxas e moedas de ME", escreveram os analistas do BofA na semana passada.

Essa exposição foi destacada na pesquisa de agosto dos gestores de fundos globais do BofA, divulgada na segunda-feira. A pesquisa, acompanhada de perto, mostrou que a maior rotação dos investidores recentemente foi para os mercados emergentes, com um salto de 15 pontos percentuais em relação ao mês anterior. Sua maior posição de sobreponderação agora, por alguma distância, é em ativos de ME.

De forma significativa - e talvez ameaçadora do ponto de vista da taxa de câmbio - a maior posição vendida dos investidores é no dólar dos EUA.

E ao considerar os ventos contrários, não podemos nos esquecer das tarifas. Embora as vulnerabilidades dos países asiáticos tenham sido um dos principais focos dos investidores, o Brasil também está claramente na linha de fogo de Trump, uma vez que enfrenta tarifas de 50% sobre muitos de seus produtos enviados aos EUA. As negociações comerciais entre Brasília e Washington foram totalmente interrompidas, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva dizendo que as relações entre os EUA e o Brasil estão em um nível mais baixo em 200 anos.

O México tem mais espaço para respirar, tendo garantido uma trégua de três meses para salvaguardar o Acordo EUA-México-Canadá (USMCA), evitar a cobrança de 30% e negociar um acordo comercial mais amplo. Mas até que a tinta seque, a incerteza persistirá.

A era Trump 2.0 levou os mercados a um passeio selvagem com muitas reviravoltas inesperadas. As taxas de câmbio latino-americanas tiveram um aumento dramático e, embora isso não signifique que elas necessariamente cairão, os investidores talvez queiram se preparar.

O que pode movimentar os mercados amanhã?

  • Lucros corporativos chineses, incluindo Tencent, Lenovo Group

  • Decisão sobre a taxa de juros da Tailândia (link)

  • Pesquisa tankan do Japão (Agosto)

  • Preços ao produtor do Japão (Julho)

  • Autoridades do Fed dos EUA no palanque: presidente do Fed de Richmond, Thomas Barkin, presidente do Fed de Chicago, Austan Goolsbee, presidente do Fed de Atlanta, Raphael Bostic

  • Atas do Banco do Canadá

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