Por Marc Jones
LONDRES, 18 Fev (Reuters) - Investidores acumularam em janeiro US$45 bilhões em dívidas de países de mercados emergentes e compraram US$2 bilhões em ações chinesas, segundo relatório do Instituto de Finanças Internacionais nesta terça-feira (IIF, na sigla em inglês).
O instituto citou como os mercados estão sendo afetados pelos planos do presidente dos EUA, Donald Trump, de reformular a ordem global, bem como pela evolução contínua da inteligência artificial.
Os países de mercados emergentes registraram uma entrada líquida de US$35,4 bilhões de dinheiro internacional em janeiro, embora tenha havido uma divergência acentuada entre dívida e ações, segundo o relatório.
Os fluxos de dívida aumentaram para US$45 bilhões, incluindo US$8,1 bilhões para a China, onde as taxas de juros vêm caindo devido às tensões econômicas atuais.
Em geral, as ações enfrentaram dificuldades nos mercados emergentes, sofrendo saídas de US$11,5 bilhões, sem incluir a China, que recebeu US$2 bilhões em entradas.
A divergência entre os fluxos de entrada de dívida e os de saída de ações ressalta "a preferência contínua dos investidores pela estabilidade relativa dos instrumentos de renda fixa em meio à incerteza geopolítica persistente, aos riscos da política monetária dos EUA e aos problemas da economia global", disse o IIF.
Os dados abrangem o mês de janeiro, mas o principal índice de ações de mercados emergentes da MSCI .MSCIEF mostrou uma recuperação considerável em meados do mês.
Desde então, esse índice subiu quase 10% e o surgimento da ferramenta de IA DeepSeek ajudou as principais ações chinesas de tecnologia, como Baidu 9888.HK, Alibaba 9988.HK e Tencent 0700.HK, a subir 30%, 62% e 40%, respectivamente.
A venda em outros lugares nos mercados emergentes foi "exacerbada" por uma liquidação contrastante nas "grandes empresas de tecnologia" dos EUA, estimou o IIF.
A correlação entre os spreads de crédito dos mercados emergentes e as ações de tecnologia dos EUA se estreitou significativamente nos últimos anos, com uma correlação de 91,2% entre os spreads de crédito dos mercados emergentes e o Nasdaq 100.
O relatório também culpou as "novas medidas protecionistas do governo Trump, particularmente a imposição de tarifas em uma série de setores".
A Índia foi a mais afetada, com investidores estrangeiros retirando mais de US$20 bilhões de suas ações desde outubro, quando a vitória eleitoral de Trump começou a parecer mais provável. As ações da Coreia do Sul e de Taiwan também registraram saídas superiores a US$1 bilhão cada.
Entretanto, a dívida dos mercados emergentes permaneceu forte. Em janeiro, houve um total de entradas de dívida de US$45 bilhões, com os emergentes excluindo a China atraindo US$36,8 bilhões e a China adicionando US$8,1 bilhões.
A resiliência da dívida em moeda local dos mercados emergentes foi "particularmente notável", disse o IIF, citando a contínua demanda estrangeira por títulos no Brasil, Índia e Polônia.
Os bancos centrais dos mercados emergentes que mantiverem taxas de juros relativamente altas tornarão "a dívida dos mercados emergentes um 'carry trade' atraente", disse o IIF, se as taxas dos EUA permanecerem tão altas quanto o esperado.
((Tradução Redação São Paulo))
REUTERS CMO