Por Andrea Shalal
WASHINGTON, 8 Ago (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, se reunirá com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, para negociar o fim da guerra na Ucrânia em 15 de agosto no Alasca, disse Trump nesta sexta-feira.
Trump fez o anúncio nas mídias sociais depois de dizer que as partes, incluindo o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy, estavam perto de um acordo de cessar-fogo que poderia resolver o conflito de três anos e meio, um acerto que poderia exigir que a Ucrânia entregasse um território significativo.
Ao se dirigir aos repórteres na Casa Branca nesta sexta-feira, Trump sugeriu que um acordo envolveria alguma troca de terra.
"Haverá alguma troca de territórios para o bem de ambos", disse o presidente republicano.
Em seu discurso noturno à nação nesta sexta-feira, Zelenskiy disse que era possível chegar a um cessar-fogo, desde que fosse aplicada a pressão adequada sobre a Rússia. Ele disse que havia mantido mais de uma dúzia de conversas com líderes de diferentes países e que sua equipe estava em contato constante com os Estados Unidos.
Putin reivindica quatro regiões ucranianas -- Luhansk, Donetsk, Zaporizhzhia e Kherson -- bem como a península da Crimeia, no Mar Negro, que ele anexou em 2014. Suas forças não controlam totalmente todo o território das quatro regiões.
Anteriormente, a Bloomberg News informou que autoridades norte-americanas e russas estavam trabalhando para chegar a um acordo que garantiria a ocupação de Moscou do território tomado durante sua invasão militar.
Uma autoridade da Casa Branca disse que a reportagem da Bloomberg era especulação. Um porta-voz do Kremlin não respondeu a um pedido de comentário.
A Reuters não conseguiu confirmar aspectos da reportagem da Bloomberg.
A Ucrânia já havia sinalizado anteriormente a disposição de ser flexível na busca pelo fim de uma guerra que devastou suas cidades e vilarejos e matou um grande número de seus soldados e cidadãos.
Mas aceitar a perda de cerca de um quinto do território ucraniano seria doloroso e politicamente desafiador para Zelenskiy e seu governo.
Tyson Barker, ex-vice-representante especial do Departamento de Estado dos EUA para a recuperação econômica da Ucrânia, disse que a proposta de paz, conforme delineada na reportagem da Bloomberg, seria imediatamente rejeitada pelos ucranianos.
"O melhor que os ucranianos podem fazer é permanecer firmes em suas objeções e em suas condições para um acordo negociado, ao mesmo tempo em que demonstram sua gratidão pelo apoio norte-americano", disse Barker, membro sênior do Atlantic Council.
De acordo com a Bloomberg, segundo o suposto acordo, a Rússia interromperia sua ofensiva nas regiões de Kherson e Zaporizhzhia ao longo das linhas de batalha atuais.
Desde seu retorno à Casa Branca, em janeiro, Trump tem se esforçado para reconstruir as relações com a Rússia e buscado acabar com a guerra. Em seus comentários públicos, ele oscilou entre a admiração e a crítica contundente a Putin.
Em um sinal de sua crescente frustração com a recusa de Putin em interromper a ofensiva militar russa, Trump ameaçou impor novas sanções e tarifas a partir desta sexta-feira contra Moscou e países que compram suas exportações, a menos que o líder russo concordasse em encerrar o conflito, o mais mortal na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.
Até a noite desta sexta-feira, não estava claro se essas sanções entrariam em vigor, seriam adiadas ou canceladas.
(Reportagem de Andrea Shalal em Washington
Reportagem adicional de Dheeraj Kumar em Bengaluru e da Redação de Moscou)
((Tradução Redação São Paulo))
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