Por Matt Spetalnick
WASHINGTON, 10 Jul (Reuters) - Israel e Hamas podem conseguir chegar a um acordo de cessar-fogo e libertação de reféns em Gaza dentro de uma ou duas semanas, mas não é provável que tal acordo seja garantido em apenas um dia, disse uma autoridade israelense graduada na quarta-feira.
Falando durante a visita do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, a Washington, a autoridade disse que, se os dois lados concordarem com uma proposta de cessar-fogo de 60 dias, Israel usaria esse tempo para oferecer um cessar-fogo permanente que exigiria que o grupo militante palestino se desarmasse.
Se o Hamas se recusar, "prosseguiremos" com as operações militares em Gaza, disse a autoridade sob condição de anonimato.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, se reuniu com Netanyahu na terça-feira, pela segunda vez em dois dias, para discutir a situação em Gaza, com o enviado do presidente para o Oriente Médio indicando que Israel e o Hamas estão se aproximando de um acordo sobre uma proposta de cessar-fogo mediada pelos EUA após 21 meses de guerra.
Trump havia previsto anteriormente que um acordo poderia ser alcançado nesta semana, levantando especulações sobre um possível anúncio antes da partida de Netanyahu para Israel nesta quinta-feira.
Na quarta-feira, no entanto, Trump pareceu estender um pouco o prazo, dizendo aos repórteres que, embora um acordo estivesse "muito próximo", poderia acontecer nesta semana ou mesmo na próxima -- embora "não definitivamente".
Uma fonte familiarizada com o pensamento do Hamas disse que quatro dias de conversações indiretas com Israel no Catar não produziram nenhum avanço nos principais pontos de atrito.
A autoridade israelense, que informou os repórteres em Washington, recusou-se a fornecer detalhes sobre as negociações.
O enviado especial de Trump para o Oriente Médio, Steve Witkoff, disse aos repórteres em uma reunião de gabinete na terça-feira que o acordo previsto envolveria a libertação de 10 reféns vivos e nove mortos.
A visita de Netanyahu ocorreu pouco mais de duas semanas depois que o presidente ordenou o bombardeio das instalações nucleares iranianas em apoio aos ataques aéreos israelenses. Trump então ajudou a organizar um cessar-fogo na guerra de 12 dias entre Israel e Irã.
Trump e seus assessores tentaram aproveitar qualquer impulso criado pelo enfraquecimento do Irã, que apoia o Hamas, para pressionar os dois lados a buscarem um avanço para acabar com a guerra de Gaza.
O conflito de Gaza começou com um ataque do Hamas ao sul de Israel em outubro de 2023, que matou aproximadamente 1.200 pessoas e fez 251 reféns, de acordo com dados israelenses. Cerca de 50 reféns permanecem em Gaza, e acredita-se que 20 estejam vivos.
A guerra de retaliação de Israel matou mais de 57.000 palestinos, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, e reduziu grande parte de Gaza a escombros.
Netanyahu usou sua visita aos EUA para agradecer publicamente a Trump por ter se unido a Israel no ataque ao Irã.
Trump declarou repetidamente que o bombardeio dos EUA a três instalações nucleares do Irã as "destruiu", embora alguns especialistas tenham questionado a extensão dos danos e levantado a possibilidade de o Irã ter escondido parte de seu estoque de urânio enriquecido antes dos ataques.
A autoridade israelense disse que a inteligência israelense indicou que o urânio enriquecido do Irã permaneceu em Fordow, Natanz e Isfahan, os locais atingidos pelos EUA no mês passado, e não foi movido.
A autoridade sugeriu, no entanto, que os iranianos ainda poderiam ter acesso a Isfahan, mas seria difícil remover qualquer material de lá.
O Irã sempre negou a busca por uma arma nuclear.
((Tradução Redação São Paulo))
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