WASHINGTON/BRASÍLIA, 8 Jul (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta terça-feira que os países que fazem parte do grupo Brics receberão uma tarifa de 10% "muito em breve", o que gerou uma nova crítica do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que acaba de sediar a cúpula anual do bloco.
Trump, que havia levantado a ameaça tarifária no domingo, disse em uma reunião de gabinete na Casa Branca nesta terça-feira que a cobrança está a caminho: "Qualquer um que faça parte do Brics receberá uma tarifa de 10% muito em breve... Se forem membros do Brics, terão que pagar uma tarifa de 10%... e não serão membros por muito tempo."
No ano passado, o Brics se expandiu para além de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, incluindo membros como o Irã e a Indonésia. Líderes presentes na cúpula no Rio de Janeiro fizeram críticas indiretas às políticas comerciais e militares dos EUA.
Questionado sobre a ameaça tarifária de Trump, Lula disse a jornalistas na segunda-feira, durante cúpula do Brics, que o mundo não quer um "imperador" . Após uma visita de Estado do primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, Lula expressou ainda mais discordância nesta terça-feira.
"Não aceitamos nenhuma reclamação contra a reunião do Brics. Não concordamos quando ontem o presidente dos Estados Unidos insinuou que vai taxar os países do Brics", disse Lula a jornalistas em Brasília.
Trump não forneceu uma data específica para a aplicação da tarifa sobre o grupo. Na segunda-feira, uma fonte disse à Reuters que essas tarifas não seriam imediatas, mas seriam usadas no caso dos países adotarem medidas classificadas como antiamericanas, diferenciando ações de declarações como a adotada pelos líderes do Brics no domingo.
Trump alegou nesta terça-feira, sem apresentar provas, que o grupo foi criado para prejudicar os EUA e o papel do dólar como moeda de reserva mundial, acrescentando que não permitirá isso.
"O Brics foi criado para degradar o nosso dólar e tirar o nosso dólar... do posto de padrão", disse ele. "E tudo bem se eles quiserem jogar esse jogo, mas eu também posso jogar."
Trump disse que perder o status do dólar como moeda de reserva mundial seria como "perder uma guerra, uma grande guerra mundial. Não seríamos mais o mesmo país".
Em fevereiro, o Brasil descartou planos para a criação de uma moeda comum durante o ano de sua presidência no grupo.
(Reportagem de Andrea Shalal em Washington e Ricardo Brito em Brasília; reportagem adicional de Gabriel Araujo em São Paulo)
((Tradução Redação São Paulo))
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