Por Marc Jones
LONDRES, 13 Mar (Reuters) - Confira alguns dos movimentos nos mercados provocados em decorrência das ações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, nas últimas semanas, desde o início de uma guerra comercial global até o sinal de que a Europa não pode mais considerar garantido o apoio militar norte-americano.
1/ DESTRUIÇÃO DE US$5 TRILHÕES
É quase mais fácil listar as partes do mercado que não foram afetadas do que as que foram. Os números são grandes. Aproximadamente US$ 5 trilhões foram eliminados em valor das ações mundiais, sendo a maior parte proveniente dos mercados dos EUA e das empresas de tecnologia de grande porte, que tiveram ganhos estratosféricos nos últimos anos.
O dólar caiu em meio a preocupações de que uma guerra comercial global, combinada com uma demissão em massa de funcionários públicos, finalmente colocará freios na economia dos EUA.
O euro e o iene tiveram seus próprios ganhos devido aos planos de gastos maciços com defesa da Europa e aos aumentos da taxa de juros pelo Banco do Japão.
O petróleo bruto Brent LCOc1 caiu 2% até o momento neste mês, com perdas de quase 5% no acumulado do ano, um sinal de que os operadores de commodities também estão se posicionando para uma demanda global mais fraca.
2/ QUEDAS EM WALL STREET
Se não fosse a Covid-19 e o enorme aumento da inflação e das taxas de juros, este seria o pior início de ano em Wall Street desde o auge da crise financeira de 2008.
No último mês, as ações das chamadas "Sete Magníficas" - Alphabet, Amazon, Apple, Meta, Microsoft, Nvidia e Tesla - caíram, e a maioria entre 10% e 15%.
3/ PROBLEMAS COM A TESLA
As ações da Tesla foram atingidas com ainda mais força, despencando 30% ao longo do mês e registrando a maior queda diária em quatro anos e meio nesta semana.
Recentemente, ativistas organizaram os chamados protestos "Tesla Takedown" para expressar sua indignação com o papel de Elon Musk nos cortes radicais da força de trabalho federal a pedido de Trump e no cancelamento de contratos que financiam programas humanitários em todo o mundo.
Musk está liderando o Departamento de Eficiência Governamental, ou Doge, do governo Trump.
4/ RENDIMENTOS DOS TÍTULOS ALEMÃES SOBEM
A reação da Alemanha ao sinal claro de Trump de que a Europa precisa ser capaz de defender seu próprio quintal e não deve mais depender da força dos EUA foi um plano histórico para deixar de lado os limites fiscais autoimpostos e criar um fundo de defesa e infraestrutura de 500 bilhões de euros.
Isso provocou o maior aumento nos rendimentos dos títulos alemães - efetivamente o que Berlim paga para tomar empréstimos nos mercados de títulos - desde a reunificação do país em 1990.
Os economistas dizem que isso provocará um aumento acentuado no nível de dívida relativamente modesto da Alemanha, mas também tirará a economia do marasmo.
5/ DEFESA DA EUROPA
A mudança tectônica nos gastos com defesa na Europa também tem causado um enorme aumento nas ações de fabricantes de armas europeus.
O índice aeroespacial e de defesa da região .dMIEU0AD00NUS subiu quase 40% desde meados de janeiro, e as ações europeias .STOXX superaram seus pares norte-americanos .SPX em cerca de 15%.
6/BITCOIN RECUA
O bitcoin caiu depois que a medida há muito prometida por Trump de estabelecer uma "reserva estratégica" de criptomoedas deixou os entusiastas desapontados.
O problema é que o governo não estará comprando novos tokens, mas estocando bitcoin e outras criptomoedas que já possui.
O bitcoin caiu para US$76.666 nesta semana, depois de atingir a máxima histórica de US$109.071 em janeiro.
7/ TEMPOS VOLÁTEIS
Muitos dos principais indicadores de volatilidade do mercado têm sido abalados por receios de guerra comercial e incertezas geopolíticas.
O VIX .VIX - que mede a instabilidade do S&P 500 - está agora quase um terço do caminho para seu pico pandêmico.
((Tradução Redação São Paulo, +55 11 5047-3075))
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