Investing.com – O dólar continua sua sequência de quedas nesta sexta-feira, atingindo o menor nível em quatro meses contra importantes moedas, em meio a preocupações de que a incerteza na política comercial dos EUA possa prejudicar a atividade econômica no país.
Às 8h15 de Brasília, o Índice Dólar, que mede o desempenho da moeda americana frente a uma cesta de seis divisas, operava em queda de 0,3%, a 103,71, próximo ao menor patamar desde o final de outubro.
A moeda americana acumula desvalorização no último mês, pressionada pelas incertezas em torno da política comercial do presidente Donald Trump e seus possíveis impactos na economia dos EUA.
LEIA TAMBÉM: Economia dos EUA está rumo a uma recessão? Estes fatores são determinantes
Na quinta-feira, Trump decidiu isentar as importações do Canadá e do México da tarifa de 25% por um período de um mês, apenas dois dias após impor a medida, gerando mais volatilidade nos mercados.
"A política tarifária altamente incerta da nova administração dos EUA parece estar prejudicando a confiança e afetando a atividade econômica", avaliaram analistas do ING.
Raphael Bostic, presidente do Federal Reserve de Atlanta, afirmou que as medidas de Trump criam um cenário nebuloso para a economia americana e alertou que as tarifas podem pressionar a inflação.
O foco agora se volta para a divulgação dos dados de emprego não agrícola de fevereiro, prevista para mais tarde, já que esse indicador pode fornecer novas pistas sobre a economia.
"O dólar está fragilizado e pode ser impactado negativamente caso os números venham abaixo do esperado", destacou o ING.
Na Europa, o euro avançava 0,7% contra o dólar (EUR/USD), para 1,0859, com a moeda única alcançando o nível mais alto desde novembro, impulsionado pela decisão do governo alemão de flexibilizar suas regras fiscais, o que pode estimular o crescimento.
A moeda europeia acumula alta de cerca de 4% na semana, marcando seu maior avanço semanal desde março de 2020.
O Banco Central Europeu reduziu os juros pela sexta vez em nove meses na quinta-feira, mas elevou sua previsão de inflação para o curto prazo, o que pode influenciar futuras decisões de corte.
"No curto prazo, o EUR/USD parece sobrecomprado e pode encontrar resistência na faixa de 1,0850/1,0875, mas deve encontrar suporte na região de 1,0670/1,0700, com investidores buscando oportunidades de compra após os eventos desta semana", avaliou o ING.
A libra esterlina também se valorizava, com o GBP/USD subindo 0,5%, para 1,2941, atingindo níveis não vistos desde novembro, refletindo a fraqueza do dólar.
Na Ásia, o dólar caía 0,5% contra o iene (USD/JPY), para 147,38, com a moeda japonesa atingindo seu ponto mais forte em cinco meses. O movimento foi impulsionado pela busca por ativos de proteção e pelas expectativas de que o Banco do Japão possa elevar os juros.
Já a moeda americana recuava 0,3% contra o iuane (USD/CNY), para 7,2280, acumulando queda de 0,5% na semana.
Os dados chineses mostraram que as exportações cresceram em ritmo mais fraco do que o esperado entre janeiro e fevereiro, enquanto as importações surpreenderam negativamente. Ainda assim, o superávit comercial da China veio acima das projeções.
O fraco desempenho das exportações reflete o impacto das tarifas impostas por Trump, que entraram em vigor no início de fevereiro, sendo elevadas para 20% nesta semana. Pequim respondeu com uma série de contramedidas, que também podem ter influenciado a queda das importações. Apesar disso, o superávit comercial chinês permaneceu robusto.