Por Libby George
LONDRES, 25 Fev (Reuters) - A relação global entre dívida e Produto Interno Bruto aumentou pela primeira vez desde 2020 no ano passado, conforme o estoque da dívida mundial atingiu um novo recorde de US$318 trilhões e o crescimento econômico desacelerou, mostrou um relatório do Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês) nesta terça-feira.
O aumento de US$7 trilhões na dívida global foi menos da metade da alta de 2023, quando expectativas de cortes nos juros do Federal Reserve provocaram um aumento nos empréstimos. O IIF alertou, no entanto, que os chamados vigilantes de títulos podem punir os governos se os déficits fiscais crescentes persistirem. O termo se refere a investidores em renda fixa que procuram influenciar as decisões de política econômica do governo por meio de suas operações.
"A crescente análise cuidadosa dos saldos fiscais -- especialmente em países com cenários políticos altamente polarizados -- tem sido uma característica marcante dos últimos anos", disse o IIF.
A dívida como proporção do PIB -- um indicador da capacidade de pagar a dívida -- aproximou-se de 328%, um aumento de 1,5%, conforme os níveis de dívida do governo de US$95 trilhões entraram em conflito com a desaceleração da inflação e do crescimento econômico.
O IIF afirmou esperar que o crescimento da dívida diminua este ano, em meio à incerteza sem precedentes da política econômica global e aos custos de empréstimos ainda elevados.
No entanto, alertou que, apesar dos altos custos de empréstimos e da incerteza da política econômica, sua previsão de um aumento de US$5 trilhões na dívida pública este ano pode aumentar devido a pedidos de estímulo fiscal e maiores gastos militares na Europa.
"Acho que provavelmente veremos muito mais volatilidade nos mercados de dívida soberana, especialmente nos países em que há alta polarização política", disse Emre Tiftik, diretor de pesquisa de sustentabilidade do IIF.
Os mercados emergentes, impulsionados pela China, Índia, Arábia Saudita e Turquia, foram responsáveis por cerca de 65% do crescimento da dívida global no ano passado.
Esse endividamento, juntamente com um recorde de US$8,2 trilhões em dívidas que os mercados emergentes precisam rolar este ano -- 10% delas em moeda estrangeira -- pode prejudicar a capacidade dos países de enfrentar as tempestades políticas e econômicas que se aproximam.
((Tradução Redação Brasília))
REUTERS VB IV