Investing.com - O dólar iniciou a semana em forte alta no exterior, atingindo o maior nível em três semanas, após o presidente dos EUA, Donald Trump, cumprir sua promessa de impor novas tarifas comerciais, aumentando a busca por ativos considerados mais seguros.
Às 7h45 de Brasília, o Índice Dólar (DXY), que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas, avançava 1%, para 109,305, após atingir seu maior patamar desde o início do mês.
No fim de semana, Trump confirmou a aplicação de tarifas de 25% sobre importações do Canadá e do México, além de uma taxa de 10% sobre produtos chineses, alegando que a medida era essencial para conter a imigração ilegal e o tráfico de drogas.
Os três países prometeram retaliar, sinalizando o início de um novo capítulo na guerra comercial global, o que reforçou a demanda pelo dólar.
O yuan chinês caiu para o menor nível histórico frente ao dólar no mercado offshore, enquanto o peso mexicano atingiu seu valor mais baixo em quase três anos, e o dólar canadense recuou para o menor patamar desde 2003.
Analistas do ING destacaram que a estratégia da nova administração Trump parece ser iniciar negociações aplicando tarifas, possivelmente para obter melhores acordos rapidamente. "O problema para os investidores é que ainda não está claro como essas tarifas serão revertidas", afirmaram em nota.
A reação no mercado cambial foi, como esperado, uma valorização defensiva do dólar. O DXY abriu em alta de 1%, com as moedas mais impactadas sendo aquelas ligadas a commodities, mais dependentes do crescimento global.
Além do impacto sobre o crescimento econômico mundial, as tarifas também podem pressionar a inflação nos EUA, levando investidores a reduzirem ligeiramente as expectativas de cortes de juros pelo Federal Reserve neste ano.
O Federal Reserve manteve sua taxa de juros entre 4,25% e 4,50% na última reunião, removendo a menção de que a inflação havia avançado rumo à meta de 2%.
Na Europa, o euro (EUR/USD) recuava 1,1%, para 1,0248, atingindo o menor nível desde novembro de 2022, com investidores antecipando tarifas dos EUA sobre produtos europeus.
Em entrevista à BBC, Trump afirmou que medidas semelhantes contra a União Europeia "definitivamente acontecerão", classificando o déficit comercial dos EUA com o bloco como "uma atrocidade".
No ano passado, os EUA registraram um déficit comercial de pouco mais de US$ 200 bilhões com a UE, fator que reforça o pessimismo em relação ao euro.
Dados divulgados nesta segunda-feira mostraram que a contração do setor industrial alemão perdeu força em janeiro, trazendo algum alívio para a moeda europeia.
O Índice de Gerentes de Compras (PMI) da Indústria da Alemanha, compilado pela S&P Global, subiu para 45,0 em janeiro, após marcar 42,5 em dezembro, atingindo o maior nível desde maio de 2023.
Ainda assim, o indicador permanece abaixo da marca de 50 pontos, que separa crescimento de contração.
Na semana passada, o Banco Central Europeu cortou sua taxa de juros em 0,25 ponto percentual pela quinta vez desde junho, refletindo a expectativa de que a forte alta inflacionária dos últimos anos esteja perto do fim e que a economia europeia precise de estímulos.
Agora, o foco dos mercados se volta para a prévia do CPI da zona do euro, que será divulgada ainda hoje. A projeção é de alta anual de 2,4% em janeiro, ligeiramente acima da meta de 2% do BCE para o médio prazo.
A libra (GBP/USD) cedia 0,1%, para 1,2313, mas sofria impacto menor, mesmo com Trump não descartando a possibilidade de tarifas sobre produtos britânicos, embora tenha dito que a situação "pode ser resolvida".
De acordo com o ING, a libra foi uma das divisas do G10 menos afetadas, possivelmente porque o Reino Unido tem um déficit comercial com os EUA e suas exportações de bens representam uma fatia relativamente pequena do PIB.
O Banco da Inglaterra realiza sua reunião de política monetária nesta semana, e existe a possibilidade de um corte nos juros para estimular a economia britânica, que segue com crescimento fraco.
Na Ásia, o dólar subia 0,3% contra a moeda chinesa (USD/CNH), para 7,3400, com o yuan offshore se aproximando de seu menor nível histórico após a imposição da tarifa de 10% pelos EUA, o que representa um risco adicional para a economia chinesa, fortemente dependente das exportações.
O governo chinês condenou a decisão e prometeu retaliar, além de indicar que novas medidas de estímulo econômico serão implementadas para mitigar os efeitos negativos das tarifas.
Dados privados sobre a atividade industrial indicaram um desempenho ainda fraco em janeiro. O PMI industrial Caixin ficou abaixo das expectativas, embora tenha se mantido ligeiramente acima do nível que separa crescimento de contração.
Enquanto isso, a moeda dos EUA se valorizava 0,1% contra o iene (USD/JPY), para 155,22. A moeda japonesa teve um desempenho mais estável em comparação com outras moedas devido à postura mais rígida do Banco do Japão e ao seu status de ativo de proteção em momentos de incerteza.