Por Kate Abnett e Virginia Furness
BRUXELAS, 7 Mar (Reuters) - Os Estados Unidos se retiraram do conselho do fundo de danos climáticos da ONU, dedicado a ajudar as nações pobres e vulneráveis a lidar com os desastres provocados pelas mudanças climáticas, segundo uma carta vista pela Reuters.
A saída é uma das muitas medidas tomadas pelo governo do presidente Donald Trump para encerrar o apoio dos EUA ao combate às mudanças climáticas, e ocorre em meio a um recuo mais amplo do país mais rico do mundo em relação às iniciativas multilaterais.
Desde que Trump assumiu o cargo em janeiro, os EUA interromperam a participação de cientistas norte-americanos em avaliações climáticas globais, retiraram-se de acordos de financiamento para ajudar países a reduzir o uso de carvão e saíram novamente do acordo climático de Paris.
Cerca de 200 países concordaram em lançar o fundo de "perdas e danos" na cúpula climática da ONU COP28, em 2023, em uma vitória para as nações em desenvolvimento, que exigiram ajuda durante anos devido ao aumento de eventos climáticos extremos.
"Tanto o membro do conselho dos Estados Unidos quanto o membro suplente do conselho dos Estados Unidos deixarão o cargo e não serão substituídos por um representante dos EUA", disse Rebecca Lawlor, representante dos EUA no conselho do fundo, em uma carta de 4 de março ao copresidente do fundo, Jean-Christophe Donnellier.
A retirada tem "efeito imediato", acrescentou.
O Departamento do Tesouro dos EUA não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.
O fundo de danos climáticos é administrado pelo Banco Mundial, cujo presidente é indicado pelos Estados Unidos. A carta dos EUA não mencionava nenhuma mudança no acordo original, nem deixava claro se a saída do conselho implicava em uma retirada total do fundo.
Até 23 de janeiro, os países ricos haviam prometido US$741 milhões para o fundo, de acordo com dados da ONU, sendo que os Estados Unidos contribuíram com US$17,5 milhões. Não está claro se o país honrará essa promessa.
O fundo deve começar a financiar projetos este ano, apoiando países vulneráveis que sofreram danos irreparáveis devido a secas, inundações e outros impactos climáticos, como terras agrícolas que se tornaram estéreis.
O ativista Harjeet Singh disse que a retirada dos Estados Unidos do fundo não isenta o país de sua responsabilidade de lidar com os danos climáticos.
"Como o maior emissor histórico, os Estados Unidos têm uma parcela significativa de culpa pelas adversidades climáticas que afetam as populações vulneráveis em todo o mundo", disse Singh, diretor da Satat Sampada Climate Foundation, uma organização sem fins lucrativos.
(Reportagem de Kate Abnett; reportagem adicional de Virginia Furness)
((Tradução Redação Rio de Janeiro))
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