Powell busca afastar receios sobre recessão e reforça dependência de dados

Investing.com18 de set de 2024 às 19:26

Investing.com – “A nossa abordagem paciente no último ano rendeu dividendos”, disse o presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, em coletiva de imprensa nesta quarta-feira, 18, após decisão da autoridade monetária americana de cortar a taxa de juros em meio ponto percentual. Citando dependência de dados para as próximas decisões, Powell afirmou que o Fed enxerga, neste momento, mais riscos para o emprego, enquanto os para a inflação foram reduzidos, e é preciso considerar ambos os lados do duplo mandato. No entanto, buscou afastar receios sobre uma possível recessão.

“Estamos empenhados em manter a força da nossa economia, apoiando o emprego máximo e retomando a inflação para o nosso objetivo de 2%”, reforçou Powell durante a coletiva, mencionando que agora há maior confiança de que o indicador está em direção a essa meta de forma sustentável.

Nesta quarta, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Fed cortou a taxa básica de juros dos Estados Unidos da faixa entre 5,25% e 5,50%, para entre 4,75% e 5%.

“Esta recalibração da nossa postura de política ajudará a manter a força da economia e do mercado de trabalho e continuará a permitir novos progressos na inflação à medida que iniciamos o processo de transição para uma postura mais neutra”.

Apesar das projeções dos membros do FOMC sinalizarem novos cortes neste ano, Powell buscou demonstrar que as próximas decisões serão tomadas cuidadosamente reunião a reunião, baseadas em dados a serem divulgados.

Visão de analistas

O enfraquecimento do mercado de trabalho foi o principal fator que motivou um corte mais expressivo, ressaltou Leandro Manzoni, analista de economia do Investing.com e editor-chefe do Investing.com Brasil.

“A taxa de desemprego terminou 2023 em 3,7% e está atualmente em 4,2%, segundo os dados de agosto. A projeção do Fed é de um aumento da taxa de desemprego para 4,4% até dezembro. O próprio Fed projeta que a inflação só vai chegar em 2026 ao centro da meta de inflação de 2% ao ano”, detalha Manzoni, ao apontar que as projeções do Fed sinalizam para que a taxa de juros se encaminhe para a faixa entre 2,75% e 3% em 2026.

Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad, concorda que o corte meio ponto “claramente confirma que as preocupações com a saúde do mercado de trabalho pesaram mais do que os riscos relativos à inflação”.

As perspectivas dos membros do FOMC são praticamente um cenário perfeito, com crescimento em linha com o potencial, assim como desemprego, e inflação indo em direção à meta, segundo Stephan Kautz, economista-chefe da EQI Asset.

“Então ficou um cenário bonito demais para acreditar, mas é o que eles estão almejando, cortando mais rápido agora para tentar evitar que a economia desacelere e que a taxa de desemprego suba ainda mais do que eles estão projetando”.

Powell buscou ressaltar que “as próximas decisões serão de reunião em reunião e que as projeções divulgadas hoje não são um plano ou uma decisão”, disse Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Reserach.

Desta forma, a coletiva serviu para moderar a reação do mercado de juros após a decisão de um corte maior, completa Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos. “Sendo assim, Powell reforça a visão do relatório de projeções de que o Fed quer um ciclo rápido, mas não um ciclo mais agressivo do que o imaginado em junho”.

Revisado porTony
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